Por dez anos, World of Warcraft ocupa o topo da cadeia alimentar no universo dos MMORPGs. É o título com o maior número de assinantes e a comunidade mais ativa. Outros jogos vieram, tentaram destronar o líder, fracassaram, muitos fecharam. Mas a Blizzard segue na liderança.
Como não há reinado que dure para sempre, a grande pergunta que toda desenvolvedora se faz é: “quando?”. Enquanto a luta eterna entre a Horda e a Aliança não tem data para esfriar, vamos conhecer outros cinco jogos massivos que tem tudo para bombar em 2015.
1) Star Wars: The Old Republic
Vamos ser francos: o mais recente MMORPG inspirado no universo fantástico de Jedis vs Sith não atingiu o sucesso que sua produtora, a EA, esperava. Na verdade, o desenvolvimento do jogo custou 200 milhões de dólares à empresa e três anos de desenvolvimento. Nos primeiros três dias de lançamento em Dezembro de 2011, o título angariou mais de um milhão de inscritos, um recorde de crescimento que ainda não foi superado. Três meses depois, o MMO atingia a marca de 1,7 milhão de assinantes.
Entretanto, os números não continuaram do lado da EA. Em Julho de 2012, pouco mais de seis meses depois de sua estreia, Star Wars: The Old Republic já caía para menos de um milhão de assinantes. Foi o sinal de alerta para a produtora lançar uma opção gratuita e em Novembro de 2012, a assinatura mensal já não era mais obrigatória para os jogadores.
Ambientado no período da Velha República, mais de 3.500 anos antes dos eventos mostrados nos filmes da franquia Star Wars, o jogo coloca seus participantes no meio do conflito entre Siths e Jedis pelo controle da Galáxia. Além dos cavaleiros de sabres de luz, o MMO também conta com soldados de ambos os lados e caçadores de recompensa, seguindo o modelo de times mistos já visto nos filmes e na elogiada franquia Old Republic. Com diversos planetas para serem explorados, batalhas espaciais, trilha sonora excepcional e o talento da Bioware para criar enredos envolventes, o jogo tem um imenso potencial para cativar milhões de jogadores.
Apesar do começo morno, é certo que o lançamento da nova trilogia de Star Wars nos cinemas irá renovar o interesse no MMO. The Old Republic não apenas é o único do gênero que explora a franquia, como também é o único jogo recente com todos os elementos da série que os fãs buscam. Com a proximidade do lançamento de O Despertar da Força é garantido que o jogo receberá conteúdo relacionado ao filme, apesar da diferença de milênios entre as duas linhas de tempo. Já foram encontrados modelos da moto flutuante exibida no trailer do filme nos arquivos de uma versão beta do jogo.
2) The Elder Scrolls Online
Depois de quase duas décadas, a ZeniMax pretende se tornar uma força respeitável na indústria. Para atingir essa meta, adquiriu outras desenvolvedoras, como a lendária id Software, ampliou seu portfólio de jogos e este ano inaugura seu próprio evento na E3. Naturalmente, uma empresa deste porte precisa ter um MMORPG para competir de igual com os líderes do mercado.
Desde os primeiros jogos da franquia de fantasia The Elder Scrolls, os fãs se perguntavam: “por que não um modo para vários jogadores?”. A versão MMORPG do universo de Tamriel demorou sete anos para ser desenvolvida, sendo o primeiro título da ZeniMax Online Studios, uma divisão da empresa-mãe criada com esse único objetivo. Lançado em Abril de 2014, seis meses meses depois havia atingido a marca estimada de 1,2 milhão de assinantes. Foi um começo morno, prejudicado por críticas medianas, bugs no lançamento e um valor de aquisição alto agregado à assinatura mensal.
Enquanto The Elder Scrolls V: Skyrim, a última versão para um jogador da série, apresentava a vastidão gelada das terras de Skyrim para exploração e aventuras, o MMORPG traz quase todo o continente de Tamriel e seus habitantes consagrados nos cinco títulos anteriores. A trama se passa 800 anos antes de TES III: Morrowind e traz o semideus Molag Bal como principal antagonista e um sistema de três facções que disputam o controle do cenário. Além de cenas cinematográficas, paisagens exuberantes e monstros épicos, o jogo também traz o talento na dublagem de nomes como John Cleese, Kate Beckinsale, Alfred Molina, Michael Gambon, Jennifer Hale e Malcolm McDowell.
Prometido inicialmente como um MMORPG multiplataforma, The Elder Scrolls Online foi lançado somente para PC enquanto a desenvolvedora trabalhava as versões para console. A partir de ’17 de Março, a assinatura mensal irá se tornar opcional, o que sempre aumenta substancialmente a quantidade de jogadores. E em Junho o jogo passará a estar disponível também no PlayStation 4 e no Xbox One, o que também deve contribuir para o incremento de participantes. Considerando o volume de vendas de Skyrim (mais de 20 milhões de unidades até 2013), não seria de se estranhar que The Elder Scrolls Online atinja fácil o patamar de cinco milhões de jogadores ou mais até o final de 2015.
3) The Division
A Ubisoft é outro gigante que quer uma fatia deste mercado e convocou o mestre do suspense moderno Tom Clancy para conceber um MMO que não envolvesse magia, monstros, ou outros planetas. O resultado, um dos últimos trabalhos do célebre escritor antes do seu falecimento em 2013, é The Division, uma mistura de paranoia política, guerra biológica, um cenário pós-apocalíptico e milhares de jogadores interagindo.
Apesar das tecnologias envolvidas estarem em produção há muitos anos, o desenvolvimento do jogo propriamente dito começou em 2012. Inicialmente cotado para ser exclusivo dos consoles da atual geração, The Division acabou sendo liberado também para PC, após petições online dos jogadores. Segundo a Ubisoft, será possível participar do mundo online também através de tablets e outros dispositivos móveis, oferecendo apoio tático a jogadores em outras plataformas através do controle de drones na Nova York virtual. Trata-se de uma integração ainda inédita no universo dos MMOs.
Em The Division, um vírus fatal provocou uma mortandade em massa nos Estados Unidos, levando ao colapso do governo central e toda sua infraestrutura de saúde, segurança, transportes e energia. Os jogadores assumem o controle de membros de uma unidade especial criada para agir de forma independente em casos de crise. Entre os desafios a serem superados em uma vasta cidade de Nova York recriada em minúcias, os participantes devem enfrentar milícias armadas, terroristas e a própria praga, enquanto investigam as motivações políticas por trás do caos.
O jogo ainda não tem data de lançamento confirmada, mas deve sair ainda este ano. A Ubisoft está tentando diferenciá-lo do modelo tradicional dos MMOs, com quests e chefes de mundo, e promove o jogo como um imenso FPS de mundo aberto persistente cooperativo. Mas a escala de jogadores suportados por servidor supera o comum dos jogos de tiro. O trailer de divulgação teve uma resposta bastante positiva do público e seu cenário contemporâneo, assim como a possibilidade de integração com outras plataformas, podem garantir um sucesso nas mãos da produtora.
4) Warhammer 40K: Eternal Crusade
A franquia Warhammer 40K foi criada na década de 80, tem uma legião de fãs em todo mundo, inspirou Starcraft, gerou diversos jogos de diferentes níveis de qualidade, mas nunca teve um MMO. Não por falta de tentativa.
Em 2010, a extinta THQ anunciou Dark Millenium Online, com direito a trailer e tudo mais. Dois anos depois, às vésperas da crise financeira da produtora, a desenvolvedora Vigil Games declarou que iria abandonar o mundo massivo e transformar o projeto em um jogo single-player. Mas já era tarde demais para salvar qualquer coisa. Nove meses depois, a THQ declarou falência. Logo em seguida, seus estúdios foram leiloados. Ninguém comprou a Vigil Games. Dark Millenium Online morreu.
Eternal Crusade é a segunda tentativa e está sendo desenvolvido do zero pela Behaviour Interactive, que, para atingir o sucesso onde havia o fracasso, a precisou se transformar: contratou os melhores profissionais que conseguiu encontrar em todo o Canadá, exilados e proscritos de projetos cancelados ou reformulados. Seu Diretor Criativo, David Ghozland, foi um dos designers responsáveis por The Secret World, da Funcom e The Saga of Ryzom, além de jogos single-player. Segundo o chefe do estúdio, Miguel Caron, todos na equipe são fãs de Warhammer 40K e “tem pelo menos dois exércitos cada”.
No futuro distópico imaginado em Warhammer 40K, a raça humana se espalhou pelo Cosmos, mas está em constante guerra com as forças brutais dos Orks, com os arrogantes Eldars, com o enxame de Tyranids e enfrentando a ameaça sombria de Forças do Caos e da loucura que circundam o universo. No jogo, será possível escolher entre os Orks, Space Marines, Eldar e Chaos Space Marines em batalhas que podem atrair centenas de jogadores simultâneos, envolvendo artilharia, veículos, robôs gigantes e jetpacks. Os Tyranids serão controlados pelo computador e estarão sempre nos calcanhares da facção de maior poder no cenário.
Os planos para Eternal Crusade envolvem fugir da fórmula dos MMOs clássicos. Inspirados em EVE e Planetside 2, a Behaviour pretende se focar no conteúdo gerado pelo usuário. Há muitos veteranos da Funcom no grupo, removidos de EVE depois das últimas reestruturações da gigante islandesa, então eles conhecem o combustível deste tipo de jogo: alianças, conflitos em larga escala, intriga e traição fomentados pela própria comunidade. O jogo seguirá o modelo de assinatura mensal, mas jogadores poderão participar gratuitamente como Orks. Com a mecânica certa e a popularidade da marca, Eternal Crusade tem potencial para tomar de assalto o mundo dos MMORPGs no final de 2015.
5) Black Desert
Lançado inicialmente na Coreia do Sul em 2014, esse novo MMORPG tem surpreendido todos que assistem sua jogabilidade e aqueles que experimentaram. Com a pressão popular, a produtora Daum Communications se comprometeu a abrir um escritório nos Estados Unidos para cuidar pessoalmente da distribuição do título no mercado ocidental, incluindo a localização do conteúdo.
A desenvolvedora Pearl Abyss foi fundada em 2010 e logo em seguida começou a trabalhar no jogo. Uma engine gráfica exclusiva foi criada do zero, para atender às necessidades de renderização rápida e de grande quantidade de jogadores simultâneos na tela. Formada por desenvolvedores veteranos da indústria de jogos online da Coreia do Sul, a tarefa foi concluída com êxito e o jogo traz elementos visuais de dar inveja nos principais títulos do mercado. Sua fidelidade gráfica e o sistema de customização de aparência tem arrancado elogios por onde passam.
Além do aspecto visual na construção dos personagens e do mundo mágico onde se passam as aventuras, Black Desert também traz um conjunto de funcionalidades pouco comuns no gênero dos MMOs. O jogo utiliza um sistema de parkour que permite aos personagens escalar prédios e montanhas com desenvoltura. O clima dinâmico também terá grande influência na jogabilidade, com eventos imprevisíveis como tufões e neblinas e a necessidade do jogador adaptar seu equipamento para a temperatura ambiente. Haverá também um sistema de dia e noite, com NPCs seguindo rotinas diárias e se tornando indisponíveis dependendo do horário. Além disso, o título oferece combate reativo que depende da precisão e dos reflexos dos jogadores e também traz um sistema de construção de casas extremamente detalhado.
Na primeira semana de lançamento do jogo em seu país de origem, cerca de 1,2 milhão de usuários se inscreveram, gerando mais de 2 milhões de dólares em microtransações em um curto espaço de tempo. Com a chegada de Black Desert no Ocidente, estas cifras devem atingir valores estratosféricos. Muitos especialistas levantam a possibilidade deste ser o primeiro MMORPG next-gen capaz de aproveitar todo o poder das novas placas de vídeo. Se o jogo conseguirá repetir o sucesso nos Estados Unidos e Europa ou se permanecerá como um fenômeno local, a exemplo de outros MMOs orientais, é algo que saberemos apenas no final de 2015.