Finalmente aconteceu: depois de seis anos seguidos trabalhando duro na firma todos os dias, a chefia mandou você recolher o colchonete, a cafeteira, as fotos da família e sua hortinha e ir para casa.
Mas, calma! Não é demissão: é um negócio diferente chamado “férias”. A fiscalização trabalhista está rondando o escritório e acharam por bem manter você longe por uns dias e tal. Você volta, pode ficar tranquilo.
Entretanto, se você não consegue parar de pensar na sua produtividade nem por um segundo e sua mente é um loop infinito de planilhas, linhas de código, café, cronogramas e emails para responder, você pode utilizar esse período para se dedicar a tarefas que a Ciência jura de pé junto que irão aumentar sua profundidade para o aguardado dia do retorno.
Ou você pode simplesmente relaxar e se dedicar sem compromisso àquilo que você gosta nas horas vagas, amparado em pesquisas acadêmicas. Você merece, amigo(a)!
1) Leitura
Sabe aquela série de livros que você vive adiando começar? Ou aquele tijolão que nunca terminou? O melhor momento é agora, na tranquilidade do sofá e não naquele ônibus balançando com o passageiro do lado roncando caído no seu ombro.
Um levantamento realizado pela University of Sussex, na Inglaterra, em 2009, aponta que não existe nada melhor para aliviar a tensão e reduzir o stress. Pode ser um livro ou mesmo um jornal, os efeitos são comprovados: a atividade de se concentrar na compreensão da leitura ajuda a relaxar os músculos e o coração.
De acordo com o neuropsicólogo Dr David Lewis, que conduziu a pesquisa, “não importa que livro você leia, apenas ao se deixar perder em um livro realmente empolgante você pode escapar das preocupações do mundo cotidiano e passar um tempo explorando os domínios da imaginação do autor”. E completa: “isso é mais do que simplesmente uma distração, mas um envolvimento ativo da imaginação na medida em que as palavras na página impressa estimulam a sua criatividade e provocam que você entre no que é essencialmente um estado alterado de consciência”.
Na dúvida do que ler durante as férias (ou fora dela)? Ninguém menos que Bill Gates tem algumas boas recomendações...
2) Caminhar
Essa é uma boa hora também para sacudir esse sedentarismo aí. Principalmente se você quiser viver mais até suas próximas férias e, quem sabe, até mesmo se aposentar! Sonhar não custa nada. Mas, para isso, é bom cuidar da saúde e uma boa caminhada dá aquela força (e pode render uns Pokémons no caminho também…).
Um estudo conduzido pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2014, concluiu que o simples ato de caminhar pode impulsionar o seu pensamento criativo em até 60%. Não por acaso, Steve Jobs tinha o hábito de caminhar pelo campus da Apple e realizou muitas reuniões com gigantes da tecnologia enquanto andava. Mark Zuckerberg também cultiva a prática e já trocou muitas ideias com seus executivos durante seus percursos.
A pesquisa é de autoria da doutora em psicologia educacional Marily Oppezzo e do professor Daniel Schwartz, ambos em Stanford, que concluíram que não importa o ambiente por onde se realiza a caminhada, mas o ato em si que é importante para estimular a criatividade, mesmo que aconteça em uma esteira, fitando uma parede vazia! “Nós não estamos dizendo que caminhar pode tornar você um Michelangelo. Mas poderia ajudá-lo nos estágios iniciais da criatividade”, incentivou Oppezzo.
3) Jogar
Mas, se levantar da cadeira está terminantemente fora de cogitação, então você pode jogar alguns jogos eletrônicos. Esqueça aquilo que sua mãe dizia: não vai estragar sua televisão nem derreter seu cérebro. Pelo contrário! Pelo menos em relação ao seu cérebro, não sabemos sobre a televisão.
Uma outra pesquisa realizada na Austrália, no ano passado, descobriu que jogos eletrônicos melhoram a capacidade de aprendizado. De acordo com o Alberto Possi, um dos responsáveis pelo estudo, “quando você joga jogos online você está resolvendo desafios para avançar para o próximo nível e isso envolve utilizar um pouco de seu conhecimento geral e habilidades em matemática, leitura e ciência que você aprendeu durante o dia”.
“Ah, mas eu já saí da escola, ô Código Fonte”, você pode estar dizendo agora. Mas quem disse que a vida não é um eterno aprendizado? Ou você vai me dizer que esse livro aí de “Google Go Para Dummies” é de um amigo seu?
4) Aprender outro idioma
Você mal fala o Português direito e, quando está no chat, Luiz de Camões se revira na tumba? Ou você é daqueles que só lê livro de programação em Inglês e chama “banco de dados” de database? Ou ambos? Acredite se quiser, mas uma nova língua pode ajudar a tirar a poeira das engrenagens e até ampliar fisicamente seu córtex cerebral, literalmente deixando você mais “cabeçudo”.
Um levantamento produzido na Suécia, em 2012, constatou um aumento no volume do córtex cerebral e no hipocampo, as áreas destinadas a aprendizado de idiomas, após três meses de intensos estudos de uma nova língua conduzidos por suas cobaias. Isso implica em mudanças estruturais dentro do crânio para acomodar as novas informações.
“Ah, mas eu não quero terminar com um cérebro grandalhão! O que é isso, seu Código Fonte?!”, lá está você reclamando de novo. Entretanto, um outro estudo, desenvolvido pela Northwestern University, em 2012, nos Estados Unidos, aponta que pessoas bilíngues são mais capacitadas para aprender e resolver desafios do que aqueles que escrevem “axo q o sevidor cail kkkkkk”.
5) Fazer exercícios físicos
O Verão também pode ser a desculpa que você estava esperando para perder aquela barriga de programador, aquela gordurinha de quem toma quatro xícaras de café com duas colheres de açúcar todo dia, aquela postura física de quem chega perto da tela para ver se o bug aparece.
Uma pesquisa realizada pela Dartmouth University, nos Estados Unidos, em 2012, comprovou aquilo que seu instrutor na academia já dizia, mas você não estava lá pra ouvir porque estava em casa dormindo no sofá: atividade física regular melhora o humor, reduz a ansiedade e amplia a capacidade de aprendizado. Isso está correlacionado ao aumento de produção de BDNF, uma proteína associada à inteligência, à concentração e à absorção de novas informações.
E, quando você finalmente puder voltar ao escritório, poderá exibir aquela barriga de tanquinho, além de esbanjar disposição e não precisar mais bufar quando tiver que levantar o monitor de 19 polegadas da mesa.
6) Tocar um instrumento musical
Se você nasceu com algum talento musical, mas seu pai falou que tocar violão é “coisa de maconheiro” ou “não temos lugar para um piano de cauda no quitinete”, essa é a hora de soltar o seu eu interior, quebrar algumas paredes de casa ou fazer barulho.
Se alguém perguntar o que deu em você para comprar uma tuba, explique que um artigo publicado em 2012 no Jornal de Neurociência aponta que treinamento musical ajuda a aumentar o corpo caloso, a área do cérebro que liga os dois hemisférios e permite a coordenação entre pensamentos técnicos e pensamentos criativos. Na verdade, a pesquisa aponta que o melhor momento para ter feito isso era lá atrás, de preferência antes dos 7 anos, mas nunca é tarde para começar.
E quando rolar aquele almoço de família, irrite seu pai tocando Raul Seixas no violão e lembre a ele que agora você será um desenvolvedor muito melhor. Uma total mudança de carreira, porém, não está fora de cogitação: preste atenção na quantidade de aplausos.
7) Ouvir música
Se o seu talento musical na verdade se resume a colocar o fone no ouvido e ligar o Spotify, saiba que até mesmo esse hobby pode melhorar sua produtividade. Mesmo ouvindo Raul Seixas!
Pesquisadores (sempre eles) conseguiram ligar performance pessoal com a audição de música. Ou pelo menos essa é a conclusão a que chegaram cientistas da University of Birmingham, no Reino Unido, em um levantamento realizado em… 1972! Muito antes dos serviços de streaming, muito antes do MP3, muito antes do walkman, já se sabia que a música de fundo pode ser uma grande ferramenta para ampliar a profundidade, principalmente em tarefas repetitivas e era recomendado seu uso no ambiente industrial.
Então, aproveite suas férias para (re) descobrir seu gosto musical, prepare algumas playlists e avise o chefe que quando voltar o fone vai ser um acessório indispensável para se concentrar, nem que seja para cortar o som daquele colega que não para de falar…
8) Trabalhar
Acredite se quiser, mas trabalhar também pode ser uma excelente distração. Sabe aquele projeto pessoal que você tem, mas nunca termina? Aquele site, aquele blog que você mantém desde a época do Geocities, aquela estante que você está montando mas parece um monstro de Frankestein de madeira, ou então aquela startup que você e seu camarada estão elaborando e que vai tirar vocês da pobreza? Continue.
Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de San Francisco em 2014 entrevistou 400 funcionários de diferentes empresas e comparou suas atividades paralelas depois do expediente. Aqueles que não conseguiam parar quietos e tinham um projetinho próprio em andamento apresentavam tendências maiores para colaboratividade, criatividade e performance.
“Mas eu tenho que me matar de trabalhar até nas horas vagas?”, lá está você com outra dúvida. Não, pelo contrário, de acordo com a posição de outros especialistas, as atividades paralelas devem trazer baixo risco, baixa pressão e serem uma tarefa de paixão para que possam trazer benefícios.
Então, o que você está esperando?