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Afinal, o que significam 1080p, 2K, UHD, 4K, 8K?

Saiu a restituição do Imposto de Renda, é sua vez de resgatar o inativo do fundo de garantia? Ou você apenas economizou no meio da crise? Ou será que você vai jogar tudo pro alto, meter no cartão de crédito e comprar assim mesmo?

De qualquer forma, parabéns, chegou a hora de comprar uma TV nova (exceto você aí que quer estourar o cartão, faz isso não!).

Mas… que TV comprar? 1080p? 2K? UltraHD? 4K? 8K? O que significa tudo isso, meu Deus?! Calma que a gente vai te ajudar a colocar ordem nessa bagunça. A primeira coisa que você tem que ter em mente é que essas nomenclaturas tem a ver com a resolução da tela, ou seja, o número de pixels que eles conseguem espremer na sua superfície, um pontinho na tela. Teoricamente, quanto mais pixels, melhor. Mas isso é muito teoricamente e depende de uma série de fatores.

A segunda coisa é que você precisa saber é que muito dessa nomenclatura é marketing e não é muito científico. Uma TV 4K, ao contrário do que muita gente pensa, não tem 4 vezes a resolução horizontal de uma TV 1080p, por exemplo. E aquilo que te vendem como “canal HD” na TV a cabo pode não ser exatamente HD, HD, assim falando.

Mas, quando o vendedor da loja sentir o cheiro do seu dinheiro (ou do seu cartão de crédito), ele vai tentar te vender 8 milhões de pixels. Aí você chega em casa e não tem aquela mesma imagem bacanuda que viu no mostruário e vai xingar toda a árvore genealógica dele.

8K

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Talvez você esteja se perguntando, pra que comprar uma TV 4K se já tem aparelhos com 8K? Oito é o dobro de quatro, né? Deve ser uma televisão duas vezes melhor!

Exceto que televisores desse tipo custam o preço de uma casa popular. Exceto que não há nenhum conteúdo sendo produzido com esse nível de qualidade. Mas, se ainda assim, você pode pagar e quer se arriscar, eu pergunto: por que não esperar pela TV de 16K? Afinal, dezesseis é o dobro de oito, certo?

Embora fabricantes como Sharp, Sony, Samsung e LG já tenham apresentado modelos com resolução de 7680 x 4320 pixels, trazendo um total de 33 milhões de pixels em sua tela, isso é basicamente uma corrida armamentista, com cada empresa querendo demonstrar que já possui a tecnologia necessária para fazer acontecer. A Sharp deu a largada mostrando um modelo destes na CES de 2012! E saiu na frente comercializando também… e isso cria um frenesi de consumo, que não deveria existir.

Ora, não há Blu-Rays, streaming, ou emissora de TV produzindo conteúdo compatível com esse nível de resolução, ou seja, quem comprar um aparelho desses agora vai ver conteúdo em 4K, na melhor das hipóteses, uma vez que TV nenhuma tira pixels da cartola. Para fabricantes de TVs, é necessário apenas alguns ajustes para criar um aparelho que atinja 8K (ou 16K). Para empresas de conteúdo, os custos são muito, muito mais elevados. Para as redes que precisam lidar com o aumento geométrico de dados transmitidos (porque quanto mais pixels, mais informações estão sendo enviadas), também não sai nada barato. Em outras palavras, não há um ecossistema ainda capaz de suportar 8K.

E quando terá? Algumas emissoras japonesas realizaram transmissões de teste em 8K dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Foram testes de tecnologia para alguns poucos sortudos que estavam no Japão com um aparelho desses, uma prévia do que pode acontecer em 2020, quando o evento for sediado em Tóquio. Para o 8K se tornar a norma de transmissão ou produção de discos, some mais cinco anos aí, quando o aparelho 8K que você comprar hoje estiver claramente ultrapassado ou pifado.

4K ou Ultra HD

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A partir desse ponto começamos a ter algo com potencial de consumo. Quando falamos de 4K de resolução, estamos falando de 3840 x 2160 pixels (cerca de 8 milhões no total exibidos na tela simultaneamente). O termo Ultra HD é um termo comercial e criado para diferenciar dos aparelhos Full HD e, para todos os fins, 4K e Ultra HD são a mesmíssima coisa.

Tecnicamente falando, aquilo que se vende como 4K não tem 4 mil pixels de resolução horizontal… inclusive a Digital Cinema Initiatives adota a mesma nomenclatura para filmes exibidos com 4096 pixels de resolução horizontal, mas os fabricantes de televisão não ligam para esses detalhes. Quando você encontrar conteúdo em 4K, esteja na forma de Ultra HD Blu-Rays ou conteúdo transmitido pela Amazon, Netflix ou outras empresas, ele estará adotando o “4K” dos televisores, então também é um detalhe técnico que não afetará sua vida.

Então, é nesse televisor que você deve estourar o seu cartão de crédito? Não, porque as taxas de juros são altíssimas, não faça isso, pense nas crianças. Mas, sim, se você pode pagar o investimento, o momento é esse. Embora a maior parte do conteúdo disponível em mídia não tenha suporte a esse nível de resolução, o mercado está virando. A estimativa é que em 2020 metade dos lares nos Estados Unidos será capaz de consumir conteúdo 4K e é por isso que os últimos modelos de consoles de jogos já trazem suporte e serviços de streaming já tem parte de sua programação acessível em 4K e até o YouTube já oferece conteúdo ao vivo compatível.

Mas, você precisa, tipo, desesperadamente, de um modelo 4K agora? O problema é que com o tamanho médio das telas que as pessoas compram (50 polegadas) e a distância com que elas sentam do aparelho (em média, 2 a 3 metros), a diferença perceptível entre os melhores modelos 1080p e os melhores modelos 4K é quase nenhuma, mesmo com conteúdo produzido em 4K. Fatores como refresh rate da tela, contraste disponível e até a iluminação do ambiente impactam mais do que o número global de pixels de resolução. E o bolso pode sentir essa diferença.

Em contrapartida, na medida em que a tecnologia avança e os fabricantes estão ansiosos para tirar o 4K dos armazéns, aparelhos com suporte a esse nível de resolução acabam trazendo também outras inovações que afetam positivamente a qualidade da imagem, enquanto os modelos mais antigos param de incorporar recursos mais poderosos e vão se transformando em modelos econômicos ou populares, com funcionalidades reduzidas.

2K

Agora que todo mundo está falando “4K isso”, “4K aquilo”, o termo 2K se popularizou. Mas, não se engane, a menos que sua TV atual tenha mais de 5 anos de idade, é bem provável que ela já seja 2K. Mesmo sem ser.

Como assim? Lá vamos nós sermos um pouco técnicos de novo: 2K é um termo adotado para descrever projetores de cinema, que exibem conteúdo com 2048 pixels de resolução horizontal, ou seja, a metade exata do número de pixels que o 4K especificado pela Digital Cinema Initiatives.

Mas, uma vez que 4K é o termo da moda no marketing, alguns fabricantes e vendedores passaram a chamar de 2K os televisores e o conteúdo produzidos em 1080p (ou Full HD), mesmo que, na verdade, alcancem apenas 1920 pixels de resolução vertical. O que nos leva a…

1080p ou Full HD

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Se você acompanhou até aqui, já percebeu que 8K, 4K e 2K são termos que se referem à resolução horizontal em pixels que a tela suporta. Mas, nem sempre foi assim. O chamado 1080p na verdade é uma referência à resolução vertical da tela, que apresenta 1920 x 1080 pixels. Ou seja, havia um padrão, e, de repente, adotou-se outra para dar nome aos recursos dos aparelhos. Para complicar a situação, alguns modelos “1080p” traziam outra escala, com 1920 pixels de resolução horizontal, mas 1200 pixels de resolução vertical (e não 1080…).

Então, é por isso que aparelhos 1080p não são “1K” e sim “2K” (embora não 2K exatamente, como vimos acima… é complicado mesmo) e não se pode dizer que um aparelho 4K tem quatro vezes mais resolução vertical ou horizontal que um televisor 1080p.

E, para dar nó ainda mais na cabeça dos consumidores, o padrão 1080p também é chamado de Full HD, para não confundir com o 720p, que é chamado de HD. Então, hoje existem aparelhos HD, Full HD e Ultra HD (e sabe-se lá como serão chamados os 8K…).

Então, você deve comprar agora um aparelho 1080p? Se a grana está curta, fique tranquilo: a vasta maioria do conteúdo disponível hoje é produzido nesse formato, seja por streaming, TV por assinatura, jogos, DVDs e Blu-Rays. E deverá permanecer assim pelos próximos quatro anos, no mínimo. É uma compra segura, não um investimento: é a qualidade de imagem que você já conhece e, ao contrário do que o vendedor insiste em afirmar, é satisfatória, a menos que você tenha uma sala imensa, um aparelho gigantesco ou seja aficionado por extrair o máximo de seus jogos.

720p ou HD

Esse é o padrão que te empurraram como “Alta Definição” por anos. De fato, comparado com o que tínhamos antes é um salto evolutivo, mas hoje o bom e velho 1280 x 720 pixels deixa a desejar visualmente. Mas, não se engane, boa parte do conteúdo em HD dos canais de TV por assinatura ainda está sendo transmitido com essa resolução e não é propaganda enganosa. Afinal, o termo HD começa aqui.

Hoje em dia é difícil encontrar uma televisão limitada ao 720p e deveria estar disponível apenas em modelos menores e econômicos. Fique atento para não levar gato por lebre.

Resumão

Tipo pixels Marketing Aparelhos
8K 7680 x 4320 nenhum (ainda) TVs
4K real 4096 x N 4K Projetores
Ultra HD 3840 x 2160 4K, Ultra HD, Ultra-High Definition TVs
2K 2048 x N nenhum Projetores
1080p 1920 x 1080
1920 x 1200
Full HD, FHD, HD, High Definition TVs
720p 1280 x 720 HD, High Definition TVs

Quando se trata de comprar um televisor novo, o número de pixels não é o único fator a se levar em conta, mas ajuda na hora da escolha. Boa compra e espero que você fique satisfeito com os resultados (e que não tenha estourado o cartão, louco(a)!).