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Brasil dos Jogos: Tomatotrap

O mercado de jogos eletrônicos nacionais explodiu nos últimos anos, com novos títulos chegando às prateleiras digitais em ritmo acelerado. Essa série busca traçar um perfil de alguns destes desenvolvedores brasileiros que lutam por um espaço nesse mercado em ascensão.

Éder Cardoso faz parte de uma geração de brasileiros que foi buscar no exterior uma melhor oportunidade para exercer o seu talento e atingir um público globalizado. Trabalhando com paixão nas horas vagas, ele vem desenvolvendo Plasma Puncher há alguns anos e está testemunhando um momento único na carreira: o jogo está sendo finalmente lançado nessa quinta-feira (11) no Steam, depois de uma bem-sucedida campanha no Greenlight e mais um período de finalizações.

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O protagonista do jogo é um dos inúmeros glóbulos brancos que habitam o corpo humano.

O título inventivo que mistura diferentes gêneros em uma jogabilidade diferente é fruto do trabalho de Cardoso e outros dois parceiros, todos brasileiros.

1) Como surgiu a ideia de criar um jogo eletrônico?

Criar ou participar na criação de jogos é algo que sempre tive vontade. No entanto eu nunca tinha investido pra valer nessa vontade, acabando por me direcionar mais à indústria de animação, que é onde venho atuando profissionalmente até hoje. Nos últimos anos porém, com a ascensão dos indies, percebi que é viável criar um game bacana sem precisar de uma grande equipe e rios de dinheiro. Foi então que decidi entrar nessa, lá pra 2013.

2) Como começou sua relação com os jogos eletrônicos? Quais são suas influências?

Acho que como 99% dos jogadores, começou na infância. Como eu já sou meio velho (34 anos), peguei o tempo áureo dos 8 e 16 bits. Na verdade até hoje eu só tive dois consoles, Master System e Super Nintendo. Depois que chegou um PC em casa, minha mente explodiu com todos aqueles jogos inimagináveis até então, e não me interessei mais muito por consoles a partir daí. Mas ouvi dizer que sai uns jogos bacanas exclusivos pra consoles de vez em quando 🙂

3) Quem mais trabalha com você Plasma Puncher? É o primeiro projeto da Tomatotrap ou já tinham alguma experiência anterior?

Tem mais um, Fred Lima, que assim como eu, é de Fortaleza e cuida de toda a parte de programação, trabalhando remotamente (já que ele continua morando lá). Chamei ele especificamente pra trabalhar nesse projeto, indicado por conhecidos em comum. Teve também outro fortalezense, que criou a grande trilha sonora, o João Victor Barroso!

Plasma Puncher é o primeiro projeto “pra valer” que desenvolvo, mas antes dele teve um único game despretensioso e escrachado, chamado Tratamento de Choque (https://www.facebook.com/tdcgame/). Ele saiu pra Android e web, inspirado nas famigeradas manifestações de 2013!

4) Por que o nome Tomatotrap?

Nenhuma razão em especifico, foi só uma das opções que pintou na cabeça quando eu tava tentando bolar um nome pro estúdio. Acho que ele tem uma boa sonoridade e é meio nonsense, além de fugir dos clichês relacionados a desenvolvimento de games/softwares.

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O herói enfrenta a invasão de bactérias largando o braço nelas!

5) A escolha de ir para o Canadá teve origem em questões pessoais ou foi motivada profissionalmente? É mais fácil produzir um jogo no Canadá do que no Brasil?

Foi principalmente profissional, mas ela surgiu bem antes deu começar a fazer joguinho! Como já mencionei na primeira resposta, eu trabalho como Animador 3D há uns anos, é inclusive meu ganha-pão (desenvolvimento de games tá sendo mais um paralelo no momento). Como o Canadá tem um mercado bem forte na área de animação aliado a uma alta qualidade de vida, resolvi vir pra cá em 2010. Quanto a facilidade de produzir um jogo, em se falando de indies acho que é a mesma coisa. Já ganhar dinheiro produzindo jogos, o Canadá provavelmente ainda tem uma leve vantagem…

6) Plasma Puncher chega ao Steam no dia 11. Fale mais sobre o jogo: de onde veio a inspiração para um cenário tão inusitado?

Bem, primeiramente eu queria um game de porradaria, mas que não fosse muito complicado de se desenvolver. Pensei em algo que pudesse ser feito no esquema “único stage” com “ondas de inimigos”, inspirado no Super Crate Box e outros indies da época. A ambientação microscópica era algo que eu já tinha em mente de outras ocasiões e adaptei pra esse esquema, meio que junto com a ideia do stage circular (“e se o circulo fosse um enorme microbio?”), e tudo pareceu se combinar de forma natural.

7) Quais ferramentas foram empregadas no desenvolvimento de Plasma Puncher?

Dedos indicadores foram de suma importância… fora isso, Photoshop, Maya LT e Unity, basicamente.

8) Inicialmente o jogo será lançado para PC Há planos de adaptar o título para outras plataformas? Ou dispositivos móveis?

Inicialmente o game estava planejado pra sair também pra mobiles (era um dos focos, inclusive!), mas a ideia foi sendo abandonada no meio do caminho, historia muito triste. Mas se o game se sair bem pra PC, pode-se voltar a cogitar versões pra mobile e até consoles!

9) É cedo para falar ou a Tomatotrap já tem outro projeto na manga?

O futuro é incerto e nebuloso… mas ideias bacanas que eu gostaria de desenvolver, existem 😉

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Desenvolvimento dos inimigos de Plasma Puncher

10) O jogo está sendo desenvolvido em inglês de olho no mercado lá fora. Como tem sido a reação da comunidade de jogadores estrangeiros em relação ao título?

O jogo está sendo desenvolvido em inglês E portugues, meu caro! É, o nome do game e mais alguns termos dentro dele permanecem só em inglês – porque é chique!, mas haverá opção em Português (entre outros idiomas).. não que o jogo tenha lá muuuito texto pra começo de conversa…

Quanto a reação do publico estrangeiro, em geral eu diria que está “bleh”. Tem uma parte que mostra real interesse e entusiasmo, mas confesso que é bem difícil chamar a atenção e conseguir destaque no meio de tantos outros excelentes jogos indies sendo produzidos e lançados. Provavelmente o fato deu estar cuidando do marketing seja outra grande causa hehe.

11) Você acha que ainda há muita resistência do público brasileiro contra jogos nacionais ou isso vem mudando nos últimos anos?

Pelo menos pelo que eu vi no meu caso e outros, está sendo justamente o contrário. São os brasileiros que expressam mais apoio, compartilham e seguem nas redes sociais. A resposta que vejo onde o game está sendo divulgado é majoritariamente positiva. O publico brasileiro se empolga com games nacionais de qualidade. Mas também, o Plasma Puncher ainda não está no mercado, então os trolls ainda não sentiram o cheiro. Além disso, a informação que tenho é que os brasileiros “falham” é na hora de usar seu dinheirinho comprando os games, então ainda tenho que ver como vai ser essa relação “apoio online/ venda do jogo”.

No caso especifico dos divulgadores que ando contactando (imprensa, youtubers e afins), os nacionais mostraram muito mais interesse e disposição para mostra-lo ao publico… enquanto a grande parte dos estrangeiros, pelo menos até agora, não mostrou nada além de silêncio. Então, obrigado brasileiros! Huehehe

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É festa!

12) Há um intercâmbio entre vocês e outros desenvolvedores nacionais, apesar da distância geográfica?

Eu diria que não muito. Rola uma troca de ideias online com outros desenvolvedores de vez em quando, mas eu sou um tipo recluso que não sai muito da “caverna”.

13) E a cena canadense? Há uma forte levada de títulos produzidos por aí chegando ao mercado nos últimos anos. Como é a relação da Tomatotrap com a indústria canadense?

Sim, definitivamente uma cena forte, moldada pelos intensos invernos canadense! Mas fora alguns poucos eventos que fui e alguns desenvolvedores que conheci, não tenho muito contato com ela. Sabe como é, recluso, “caverna”, e tals :D.

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Powerups e itens melhoram a capacidade do herói de distribuir bordoada nos invasores…

14) Como você vê o cenário dos jogos nacionais nos próximos dez anos?

Ou exuberantemente desenvolvido, ou miseravelmente devastado.

15) Nas horas vagas, quais são os seus jogos preferidos?

Atualmente tô jogando bastante Street Fighter V, e recentemente comecei Serious Sam 3 (sim, é um jogo mais velhinho). Mas tenho uma lista com vários outros games, novos e antigos, esperando eu terminar esse maldito Plasma Puncher pra jogar! hehehe.