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Como as gigantes da tecnologia estão ajudando na luta contra a COVID-19

Bastou apenas um mês. Em 30 dias, desde nosso artigo sobre o papel do Google no combate ao novo coronavírus, o número global de infectados saltou de 113 mil pessoas para 1.613.310, um crescimento de mais de 1000%. Infelizmente, o número de óbitos também cresceu: de 4 mil vítimas fatais para 100.376 em todo o mundo. Enquanto isso, os modestos 34 casos registrados no Brasil agora já são mais de 18 mil pessoas confirmadas com a infecção.

Em 30 dias.

Felizmente, nem tudo são más notícias. O Google não está sozinho. A IBM com suas iniciativas não está sozinha. Praticamente todos os gigantes da tecnologia juntaram forças para oferecer recursos, experiência e vontade para deter a pandemia ou, pelo menos, mitigar seus impactos.

Intel destina 50 milhões de dólares em múltiplas frentes

A fabricante de processadores anunciou nessa terça-feira (7) que não irá focar em uma única iniciativa, mas destinar 50 milhões de dólares para o combate imediato ao COVID-19 em múltiplas camadas.

Com esse montante, a empresa espera auxiliar no tratamento das vítimas, na pesquisa científica do vírus e em educação online para aqueles que estão em casa. Desse total, 40 milhões de dólares serão destinados especificamente para parceiros que estão engajados em desenvolver testes, tratamentos e vacinas, incluindo simulações computacionais avançados, assim como para entidades sem fins lucrativos que estão tentando diminuir o abismo digital e oferecer acesso a estudantes que não possuem meios de praticar Ensino a Distância.

O dez milhões de dólares restantes anunciados pela Intel serão investidos em projetos inovadores de alto risco. Entre essas iniciativas está um esforço indiano para acelerar mecanismos de teste e análise genética de pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Outra linha de pesquisa que irá receber o aporte da empresa é um sistema que permite, através de computação, transformar leitos comuns de hospital em leitos para terapia intensiva com monitoramento remoto.

Apple começa a fabricar proteções faciais

Tim Cook, CEO da Apple, reiterou pelo Twitter o compromisso da empresa em prestar assistência ao sistema de saúde de nações de todo o mundo. Um dos maiores desafios para conter os efeitos nefastos da pandemia é como solucionar a carência de leitos, equipamentos e equipe médica em um momento de pico de demanda jamais visto anteriormente.

A Apple se comprometeu a produzir 20 milhões de proteções faciais a serem distribuídas globalmente. A empresa mobilizou um time de designers e engenheiros para transformar sua linha de produção para a fabricação de um modelo novo de protetores plásticos que podem ser utilizados por equipes médicas para se salvaguardar da contaminação. A empresa também irá empregar sua linha de distribuição de produtos para fazer a logística de toda a operação de entrega desse material.

A expectativa de Tim Cook é que o primeiro lote de um milhão de protetores já esteja chegando ainda essa semana a diversos hospitais e um novo lote com a mesma quantidade seguirá sendo fabricado e distribuído toda semana, pelos próximos cinco meses. “Este é um esforço verdadeiramente global e estamos trabalhando continuamente e em estreita colaboração com governos de todos os níveis para garantir que eles sejam doados para locais de maior necessidade”, declarou o executivo.

Tesla desenvolve protótipos de novos respiradores

A Tesla, por sua vez, também está se preparando para modificar sua linha de produção para atender à demanda dos hospitais. Engenheiros da empresa de automóveis estão trabalhando em dois protótipos de respiradores que podem ser fabricados utilizando peças de automóveis que a Tesla já possui em seu inventário. A ideia é reduzir a produção de veículos e investir na montagem de respiradores.

A partir de carburadores de carro, os engenheiros conseguiram montar um dispositivo que poderá servir para levar oxigênio para as vítimas que tiveram seu sistema respiratório comprometido pela ação do novo coronavírus. A peça é conectada a um sensor de pressão e um sensor de fluxo.

O modelo mais avançado acrescenta uma camada adicional. O segundo protótipo monitora indicadores do paciente em uma tela, que informa a pressão, o volume e o fluxo do oxigênio bombeado. A tela e o sistema subjacente foram extraídos do computador de bordo, do sistema de entretenimento dos carros Tesla.

Apesar da criatividade, os dois protótipos ainda precisam ser aperfeiçoados e submetidos à aprovação pelos órgãos competentes, antes de ser iniciada a produção em massa.

NVIDIA emprega Inteligência Artificial para decifrar o vírus

A gigante das placas de processamento gráfico se juntou à iniciativa COVID-19 High Performance Computing Consortium, que irá oferecer tempo em 30 supercomputadores, totalizando nada menos que 400 petaflops de performance, para pesquisadores que buscam uma solução para a doença. A própria NVIDIA está disponibilizando seu SaturnV, um colosso computacional movido a 15 mil núcleos baseados em GPUs.

Além disso, a empresa irá fornecer também sua vasta experiência em Inteligência Artificial e otimização em computação de larga escala. Essa expertise pode acelerar descobertas capazes de conter a pandemia ou mesmo erradicar o novo coronavírus de forma segura, a partir de simulações e modelos que levariam meses ou anos para serem gerados sem esses recursos disponíveis.

“Para alcançar o progresso, será necessário combinar três ingredientes essenciais: cientistas de domínio, cientistas da computação e computadores de alto desempenho. Temos a honra de desempenhar um papel nesse esforço”, declarou Ian Buck, vice presidente da divisão de Accelerated Computing da NVIDIA.

Bill Gates financia sete pesquisas diferentes em busca de uma vacina

Bill Gates não é um cientista da área biológica, mas é um filantropo antenado com tendências e questões humanitárias. Ele alertou sobre o risco global de uma pandemia em 2015, avisando que nós não estávamos preparados. Em 2018, ele repetiu o prognóstico: “o mundo precisa se preparar para as pandemias da mesma maneira séria que se prepara para a guerra”.

Deflagrada a crise anunciada, Gates arregaçou as mangas. Ele está financiando através de sua fundação a pesquisa de sete vacinas potenciais para a COVID-19. Um desses projetos já foi aprovado pela FDA norte-americana e deverá começar em breve seu teste com humanos. Embora seja um longo processo para avaliar os resultados e se certificar de que não há efeitos além do desejado, a estimativa desse projeto é que seja possível iniciar uma produção em larga escala ainda no final desse ano se tudo der certo.

Antes mesmo de ser declarada pandemia pela Organização Mundial de Saúde, a infecção pelo novo coronavírus já estava na mira da Fundação Bill & Melinda Gates. Em fevereiro desse ano, a entidade anunciou a doação de US$ 100 milhões para ajudar a aperfeiçoar a detecção, isolamento e tratamento da doença.

Jack Dorsey faz doação bilionária para combater epidemia

Em termos de números brutos, nada supera o comprometimento de Jack Dorsey, CEO e fundador do Twitter. O executivo anunciou através de sua rede social que vai efetuar a doação da soma de um bilhão de dólares para os esforços de deter o novo coronavírus. Essa cifra equivale a 28% de sua fortuna pessoal.

Ele também revelou que já havia doado cerca de 40 milhões de dólares anonimamente no passado, para iniciativas solidárias, mas achou importante tornar público seu novo gesto em um momento tão delicado de nossa sociedade. “Por que agora? As necessidades são cada vez mais urgentes e quero ver o impacto durante a minha vida. Espero que isto inspire outros a fazerem algo semelhante. A vida é muito curta, de forma que temos que fazer o que pudermos para ajudar as pessoas agora”, escreveu Dorsey.

Essa verba será administrada pela Start Small, um fundo de caridade fundado por Dorsey anteriormente. Superada a pandemia, o executivo acrescentou que o dinheiro restante será dedicado para oferecer renda básica universal e saúde e educação de meninas.