Com o fim anunciado do Projeto Astoria, a Microsoft enterrou de vez o sonho de oferecer suporte oficial a aplicativos Android no Windows 10.
Mas isso não significa, nem nunca significou que você não possa rodar aplicativos criados para o ambiente móvel do Google no seu PC. E nem precisa do Windows 10, se você não quiser. Já não é de hoje que empresas terceirizadas vem conseguido emular o Android com variados níveis de perfeição dentro dos sistemas operacionais da Microsoft.
Testamos aqui três soluções que prometem (e cumprem) o que o Projeto Astoria pretendia: BlueStacks, AMIDuOS e Droid4X. Testamos instalação, uso básico e como se comportam três aplicativos e um jogo em cada um destes emuladores.
BlueStacks
O BlueStacks se gaba de ter 130 milhões de usuários em todo o mundo, o que o tornaria a opção mais popular da categoria. E não é sem motivo.
Para começar, o BlueStacks emula o ambiente Android com facilidades que só existem no ambiente Windows, como multitarefa e poder copiar e colar usando Ctrl+C e Ctrl+V do Windows para o ambiente de emulação. Cada aplicativo aberto ocupa uma aba no topo da interface, o que facilita e muito a navegação e alternância entre janelas, embora possa desagradar quem deseja uma reprodução mais fidedigna da plataforma móvel.
Sua interface é claramente focada no usuário iniciante e já de cara oferece uma ampla lista de aplicativos que podem ser baixados e instalados, inclusive via APK (o famoso, mas arriscado sideload). Além disso, o BlueStacks permite adicionar uma conta do Google, o que habilita o uso da Play Store oficial do Android sem qualquer tropeço. Infelizmente, parte da experiência é comprometida por uma rolagem confusa que não interpreta muito bem a roda de rolagem do mouse e, ocasionalmente, avança mais do que deveria.
Com uma tela de configurações idêntica ao do Android, o programa separa separa 16GB de armazenamento no disco e apresenta o menor consumo de memória das três alternativas testadas: menos que 200 MB de RAM, somando todos os processos utilizados. O BlueStacks força uma inicialização junto com o Windows e, ao sair, larga um processo ainda ativo no sistema: HD-Agent.exe. São pequenos inconvenientes para quem gosta de ter controle total do que está funcionando no Windows. Em contrapartida, o programa oferece a opção de continuar recebendo notificações depois de encerrado (e continua rodando em segundo plano).
O Moon Reader, leitor de ebooks, não se ajusta corretamente à tela e o resultado são letras minúsculas, que dificultam bastante a leitura, mas não a tornam impossível.
O jogo Subway Surfers funciona adequadamente com teclado e reconhece as teclas direcionais automaticamente, ainda que apresente um ligeiro atraso nos controles.
AMIduOS
O AMIduOS é a única alternativa paga das analisadas, mas oferece uma versão de testes de 30 dias. O preço final não é alto, sendo que o usuário pode adquirir a versão completa e permanente a partir de dez dólares. Também é o único do lote a emular o Android Lollipop, então já traz o visual material design incorporado em sua interface.
Apesar de se destacar pela modernidade, o programa da American Megatrends, carece de algumas funcionalidades apresentadas pelos seus rivais e apresenta alguns defeitos únicos. Para quem deseja testar seu próprio aplicativo ou instalar aplicativos de outras fontes, não vai encontrar suporte a APKs no AMIduOS. Já o usuário médio irá achar a interface confusa, com uma integração desajeitada com a Play Store. Talvez para compensar essa falha, o programa já traz alguns aplicativos pré-instalados, incluindo o Amazon App Store.
Para instalar o suporte à loja oficial do Android do Google, o usuário precisa visitar uma página adicional fora do emulador, baixar um arquivo ZIP e executar o comando “Apply to DuOS” no arquivo. O AMIduOS acrescenta essa opção ao menu de contexto de todos os arquivos do Windows, mesmo quando não há sentido ou o formato não é suportado.
Complicando a situação, sua instalação é bem lenta quando comparada com a do BlueStacks, assim como sua inicialização. No quesito consumo de memória, o AMIduOS ultrapassa os 300 MBs de RAM. O programa não aceita copiar e colar do Windows, só o padrão do Android. Em contrapartida, ele não larga processos em funcionamento quando é fechado, nem tenta inicializar com o Windows. O emulador também separa separa 16GB de armazenamento no disco.
O leitor de ebooks Moon Reader traz o texto ilegível, tanto pelo tamanho minúsculo quanto pelo nível de desfoque da fonte, apresentando o pior resultado dos três programas analisados.
O jogo Subway Surfers não aceitou o teclado e todos os comandos tiveram que ser realizados com o mouse, simulando o dedo em uma tela de toque. É uma experiência mais próxima da jogabilidade original, mas pode confundir quem está acostumado a jogar no PC. Como agravante, o volume do jogo é baixo, e a interface não apresenta um botão claro para sair da aplicação e retornar à tela principal do emulador.
Droid4X (beta)
Diretamente da China, o Droid4X é de longe o mais complicado de instalar de todos os programas analisados. Primeiramente, porque o link oficial no site principal é de uma conexão asiática e extremamente lento para baixar a partir do Ocidente. A própria empresa oferece alternativas de download no fórum. Após tentarmos o link oficial, o link da CNET, o link do Mega, conseguimos sucesso baixando a versão 0.9 Beta do Mediafire.
Talvez por estar na versão Beta, o Droid4X apresenta mais defeitos do que seus principais concorrentes. Por outro lado, é um programa para se ficar de olho graças à grande quantidade de boas ideias que ele implementa e os outros programas não trazem.
No lado dos defeitos, além da dificuldade instalação, temos uma interface que ainda apresenta caracteres orientais aqui e ali e um inglês inadequado com bastante frequência (o exemplo mais gritante é o “Recommand” na tela principal, que leva para os aplicativos recomendados). O Droid4X também não utiliza a resolução máxima da tela do PC e, embora seja possível configurar isso em um menu escondido, o programa ignora solenemente o que você configurou em diversas oportunidades.
O Droid4X também trava o funcionamento do Print Screen a nível global depois de um certo tempo de uso, sem motivo. Não apenas se torna impossível registrar, usando o Windows, algumas de suas telas, como também se torna impossível usar o Print Screen mesmo fora do emulador enquanto ele estiver funcionando. Se serve de consolo, o Droid4X oferece seu próprio botão de captura de tela que salva imagens do ambiente emulado.
Além disso, o programa traz o maior consumo de memória da categoria: mais de 600 MB de RAM, somando todos os seus processos. Não chega a ser um absurdo, em tempos de PCs com 8, 16 GB de RAM, mas é um ponto negativo na comparação com seus concorrentes. Completando a lista de defeitos, o Droid4X não pega automaticamente a hora do sistema. Ou talvez ele esteja ajustado para o fuso horário da China.
O Droid4X permite integração com uma conta do Google de forma suave, como você faria em qualquer Android. Ele também aceita o uso de APKs.
Entre suas qualidades únicas, o programa conta com um recurso de gravação em vídeo da tela, um botão para simular uma “sacudida” no dispositivo para ativar o acelerômetro, um simulador de GPS e suporte a joystick, para quem quer usar o programa para jogar títulos de Android. Ele interage com o Windows com Ctrl+C / Ctrl+V.
Além disso, o Droid4X separa 32 GB de armazenamento no disco, o dobro da concorrência, o que pode ser um fator determinante para muitos usuários. O programa também apresenta uma configuração para a quantidade máxima de RAM que o programa pode consumir e os processadores que podem se dedicar à emulação. Infelizmente, ele também larga um processo para trás, mesmo depois de fechado: o VBoxSVC.exe.
Os aplicativos do Twitter e do Facebook funcionam adequadamente no emulador. Surpreendentemente, o Moon Reader apresentou de longe a melhor legibilidade dos três programas analisados (talvez pela baixa resolução) e se ajustou automaticamente para o modo Portrait.
Inicialmente, o jogo Subway Surfers não parecia ser capaz de instalar. A mensagem na Play Store do Google era: “Não é compatível com o dispositivo”. Mas uma segunda tentativa reconheceu o “dispositivo”. Ele não reconhece automaticamente o teclado dentro do jogo, mas é possível configurar teclas de controle globais ou individuais por jogo. Entretanto, assim como no BlueStacks, foi sentido um ligeiro atraso nas respostas.