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iOS: Abrindo um novo mundo para a tecnologia móvel

No que atualmente é considerada a maior apresentação da Apple, Steve Jobs mostrou ao mundo o iPhone em 09 de janeiro de 2007. Desde então, o dispositivo, além do iPad e iPod Touch, literalmente redefiniu todo o mundo da computação móvel.

Como tudo vem se movendo tão rápido, o iOS já está entre os sistemas operacionais móveis mais antigos em desenvolvimento ativo. Mas isso não necessariamente significa que ele seja mais fraco ou inferior aos outros – muito pelo contrário: através do que só pode ser descrito como a melhoria mais consistente ao longo dos anos, a Apple fez do iOS uma das plataformas mais ricas em recursos e suportes do mercado.

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iOS 6, versão que atualmente alimenta os dispositivos móveis da Apple, oferece um sistema operacional móvel fácil de compreender para novos usuários, uma plataforma poderosa para desenvolvedores de aplicativos e uma experiência relativamente não-fragmentada em vários dispositivos.

Nessa quarta-feira (18), o sistema ganha sua 7ª versão, mas como chegamos à ela a partir de uma plataforma que começou sem aplicativos de terceiros, multitarefa, ou até mesmo suporte para copiar/colar? Juntamos um pouco de toda a história do iOS para você entender exatamente como a Apple o desenvolveu ao longo dos anos. Confira:

iPhone OS (Sim, esse era seu nome)

Durante o anúncio do iPhone original, a Apple apontou que o dispositivo rodava no mesmo núcleo Unix do Mac OS X e que usava muitas das mesmas ferramentas. No entanto, ficou claro que, embora possa haver alguns elementos comuns entre os dois, esse novo sistema móvel era um animal exótico diferente o suficiente para ter seu próprio nome e marca.

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iOS foi comparado com Mac OS X pela própria Apple

Com isso, em seu lançamento, o sistema operacional foi chamado de “iPhone OS” e manteve esse nome por quatro anos, mudando para iOS apenas quando a versão 4 da plataforma foi apresentada, em junho de 2010. Por uma questão de simplicidade (e porque faz as frases ficarem muito menos estranhas), vamos nos referir a todas as versões do sistema operacional como “iOS” nesse artigo.

iOS 1 e um mundo de novidades (Que ninguém poderia imaginar serem possíveis)

Embora seja difícil de imaginar agora, na época de seu lançamento o iPhone original estava realmente bem atrás da concorrência no quesito recursos: Windows Mobile, Palm OS, Symbian e BlackBerry eram todos sistemas completamente estabelecidos em 2007, com uma ampla e profunda variedade de recursos (ampla para a época, obviamente).

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Comparativamente, o iPhone não suportava 3G nem multitarefa. Aplicativos de terceiros? Nem em sonhos! O dispositivo era quase inteiramente bloqueado para desenvolvedores e hackers. Você não podia nem mesmo copiar e colar um texto ou personalizar sua tela inicial.

No entanto, os recursos em falta pouco importaram na época e quase todo mundo sabia disso. Em vez de competir com recursos e ferramentas, a Apple focou em acertar o funcionamento do smartphone. Assim, a gigante pensou na velocidade, consistência entre apps e mais uma lista gigante de características que faziam o iPhone radicalmente melhor do que qualquer outra coisa que estava disponível em 2007.

Atualizações: Depois de chamar atenção com um smartphone completamente diferente, estava na hora de acertar os problemas e com isso vieram as versões 1.0, 1.1.1 e 1.1.3. As atualizações trouxeram alguns recursos extras que fizeram o sistema (e o iPhone) ainda mais desejável para os curiosos de plantão:

Navegador móvel: O Safari estava, como Jobs se gabou ao revelá-lo, anos à frente da concorrência. Sim, é conhecido que ele nunca teve suporte para Flash e hoje em dia é alvo de críticas, mas foi o primeiro navegador móvel quase tão capaz e poderoso como um browser para desktop completo. Onde outros sistemas operacionais móveis simplesmente quebravam a aparência das páginas web, o Safari apresentava uma internet totalmente diferente, oferecendo zoom e recursos de rolagem que eram inigualáveis para a época.

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Safari revolucionou campo de navegadores móveis

Além de um navegador que funciona corretamente dentro de um smartphone, a Apple também colocou funções do iPod no iPhone, fez o Google Maps ficar mais acessível, criou a sincronização com o iTunes e ainda habilitou a compra de músicas através do serviço.

iOS 2: Aplicativos e a App Store

A próxima jogada da Apple veio em julho de 2008, quando a Maçã lançou a App Store para iOS.

A loja online existia tanto no próprio aparelho quanto dentro do iTunes, onde os usuários poderiam facilmente navegar e instalar aplicativos. A versão da App Store para os dispositivos usava informações previamente salvas na área de clientes do serviço de música, assim o consumidor não teria de digitar números de cartão de crédito novamente para efetuar compras.

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Apple trouxe maior popularidade para comércio móvel online

A segunda inovação do 2.0 foi a decisão da Apple de fornecer um kit de desenvolvimento para iOS que oferecia grandes ferramentas para os desenvolvedores. Jogos em 3D se tornaram muito populares e, em geral, os apps que estavam no iOS agora estavam se tornando mais funcionais, bonitos e avançados do que em qualquer outra plataforma.

Atualizações da versão 2.0: Infelizmente, o iOS 2.0 não foi o mais estável dos lançamentos. Muitos usuários tiveram problemas com a bateria, falhas de aplicativos e queda de chamadas. A versão 2.1, de setembro de 2008, ajudou a diminuir esses problemas, consertando uma série de erros da placa do sistema operacional e também trazendo uma sincronização mais rápida com o iTunes.

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iOS 2 acompanhou popularidade de jogos em 3D

O iOS 2.2 chegou em novembro do mesmo ano. Em termos de recursos, o Maps teve as maiores atualizações, com a adição do Google Street View, direções para quem está andando nas ruas e rotas de transporte público.

iOS 3: Recursos, recursos, recursos (e um novo dispositivo)

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Terceira versão do sistema focou em recursos novos

O iOS 3.0 foi lançado em junho de 2009 e trouxe uma enorme lista de novos recursos e atualizações para diversas funções do sistema operacional.

Com a terceira versão de seu sistema, a Apple introduziu a possibilidade de seleção de um determinado texto para recortar, copiar e colar, melhorou a busca de conteúdos dentro de seus dispositivos, incluiu gravação de vídeo e criou suporte para MMS (embora isso tenha acontecido somente em 2009, a maioria dos usuários já não achava o recurso lá muito importante).

Atualizações e o iPad: Poucos meses depois, a Maçã lançou o iOS 3.1, que adicionou ainda mais recursos ao sistema, incluindo tranca remota, download de ringtones e controle de voz através do Bluetooth.

Com o iOS 3.2 veio uma novidade: o iPad e sua tela gigante. Para colocar o sistema no display de 1024 x 768 de seu novo dispositivo, a empresa fez alterações específicas em muitos dos principais aplicativos que eram disponibilizados no iPhone, incluindo o Safari, a App Store e a aplicação de visualização de fotos.

A empresa ainda disponibilizou mais uma atualização para o iOS, focada apenas no iPad.

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iPad trouxe mudanças para o iOS

iOS 4: Multitarefa

Lançado em 2010, o iOS 4 focava na questão do sistema multitarefa, onde é possível executar vários aplicativos ao mesmo tempo, sem perder rendimento. Na época, a Apple implementou e melhorou uma série de recursos, para manter o sistema na competição com o Android, que estava começando a se acertar e vinha ganhando popularidade.

Contudo, o iOS 4, tecnicamente, não tinha exatamente um grande suporte multitarefa, já que simplesmente não permitia que qualquer aplicativo fosse executado em segundo plano.

Isso fez com que os desenvolvedores precisassem atualizar seus aplicativos para suportar os recursos multitarefa, e muitos assim o fizeram. Ainda que seja um pouco questionada, essa prática de “terceirizar” a memória em um serviço do próprio iOS deixava o iPhone menos vulnerável a aplicativos que executavam sozinhos em segundo plano e consumiam muita memória, levando também ao consumo excessivo de bateria. O resultado foi uma melhor performance em relação a versões anteriores do sistema.

Com a novidade veio uma importante alteração no botão Home: bastava o usuário apertá-lo duas vezes para ver uma lista de aplicativos executados recentemente.

Além disso, a empresa implementou recursos como chamadas de vídeo (através do FaceTime), pastas na tela inicial, tela Retina e recursos de produtividade, como um cliente de e-mail.

Atualizações do iOS4: a empresa começou a se embrenhar no mercado de games móveis com o Game Center, incluído no iOS 4.1, além de habilitar suporte a fotos HDR e permitir uploads de vídeos em full HD para o YouTube.

O iOS 4.2 trouxe suporte a pastas e recursos multitarefa para o iPad e apresentou o AirPlay e o AirPrint. Já o iOS 4.2.5 veio basicamente para auxiliar a versão Verizon do iPhopne, mas trouxe consigo um dos recursos mais importantes: total suporte para hotspots Wi-Fi. Por fim, o iOS 4.3 incluiu mais alguns recursos relativos a redes, além de liberar o AirPlay para aplicativos terceirizados.

O Gamecenter foi uma das principais inovações presentes no iOS 4
O Game Center foi uma das principais inovações presentes no iOS 4

iOS 5: Siri e muitos outros novos recursos

O iOS 5 foi apresentado junto com o iPhone 4S, e trouxe tantas novidades que é difícil enumerar todas.

Contudo, uma das principais novidades introduzidas no sistema foi o aplicativo Siri, que veio para substituir o Voice Control. O aplicativo, porém, não servia só para isso. Através do Siri, o usuário tinha a possibilidade de realizar diversas tarefas, como por exemplo, realizar chamadas telefônicas e buscas na internet, além de contar com um recurso para transcrição de textos. Como nem tudo são flores, o Siri foi disponibilizado apenas em versão beta na época e, de vez em quando, retornava alguns resultados bastante estranhos.

Outros recursos introduzidos foram a Central de Notificações, o iMessage, a “não-obrigatoriedade” de conectar o aparelho a algum PC, sincronização Wi-Fi para o iTunes, download de updates diretamente a partir do iPhone, e a introdução ao iCloud.

A maior reclamação dos usuários em relação ao iOS 5 dizia respeito ao alto consumo de bateria, problema que foi resolvido pela Apple com o update para o iOS 5.1 – que, basicamente, serviu apenas para corrigir alguns bugs.

O grande detalhe do iOS 5, na verdade, dizia respeito ao futuro do sistema operacional. Por mais que recursos como o Siri e a “liberdade” de conexão a PCs estivessem disponíveis, eles ainda não tinham sido totalmente implementados, mas havia pelo menos uma expectativa de melhorias significativas para a próxima versão do sistema operacional.

Siri: ainda que em versão beta, o assistente de voz foi o grande destaque do iOS 5
Siri: ainda que em versão beta, o assistente de voz foi o grande destaque do iOS 5

iOS 6: Adeus, Google Maps.

O iOS 6 foi anunciado durante a WWDC, em junho de 2012, e trazia uma mistura de surpresas e recursos esperados, mas uma das mudanças causou bastante choque no mercado.

Devido às várias batalhas entre Apple e Google, tanto em âmbito de mercado quanto em questão judicial, a Maçã simplesmente resolveu retirar o Google Maps do iOS e garantiu que seu serviço nativo de mapas era tão bom quanto o da gigante de buscas. Contudo, o aplicativo Mapas, nativo do iOS 6, acabou se mostrando um fiasco logo no primeiro momento. Depois de muito esforço, a empresa conseguiu acertar o recurso (ou pelo menos, fez o possível para tanto).

O Siri foi bastante melhorado em relação à versão beta incluída no iOS 5, oferecendo a possibilidade de realizar diversas tarefas, como por exemplo, executar aplicativos e postar mensagens em redes sociais.

Além disso, no iOS 6 a Apple realizou melhorias na Central de Notificações, adicionou recursos de integração com o Facebook, incluiu um recurso para pagamentos mobile, melhorou o iCloud Tabs e a Reading List, removeu a limitação do FaceTime, permitindo que o recurso também pudesse ser utilizado fora de redes Wi-Fi, e promoveu uma melhor integração com a Apple ID.

iOS 6 teve como destaque a reformulação do Siri e a retirada do Google Maps
iOS 6 teve como destaque a reformulação do Siri e a retirada do Google Maps

iOS 7: Admirável mundo novo

Em junho desse ano, a Apple decidiu simplificar o iOS: Jonathan Ive, vice-presidente sênior de design industrial da empresa, alterou o visual do sistema completamente e assim nasceu o iOS 7.

A ideia de simplificar o sistema partiu do próprio Ive, que buscava um visual menos “real”, por acreditar que designs realistas não são algo a se manter. Assim, a sétima versão do iOS, lançada em 18 de setembro, deixa de lado o design, as texturas e os ícones brilhantes que imitam figuras reais, para criar uma interface mais simplista.

Além do visual, o sistema ganhou uma série de updates, que você pode conferir aqui.

Apple disponibilizou hoje o iOS 7 para os usuários
Comparação entre as versões 6 e 7

E agora? O que esperar para o iOS no futuro?

Nos seis anos que se passaram desde a primeira versão do sistema, nós vimos a indústria mudar a pergunta de “isso é realmente um smartphone?” para “isso poderá um dia substituir os computadores?”. Essa mudança é o maior testemunho não apenas do progresso tecnológico, mas também, da habilidade da Apple de mudar seu sistema operacional ao longo dos anos.

Aplicativos, recursos multitarefa e até mesmo a opção de copiar e colar conteúdo parece ter chegado tarde em relação à concorrência. Mas em cada um dos casos, a Apple demorou para disponibilizar os recursos para garantir que a solução oferecida era igual aos seus altos padrões de exigência e compatível com futuras expansões, e essa provavelmente é a única certeza sobre os próximos lançamentos da Maçã.

por Leandra Troyack e Rodrigo Yung