Semana passada terminou mais um Consumer Electronics Show, vulgo CES, e nós trouxemos para vocês 16 destaques da edição desse ano.
Mas a grande verdade é que por dentro eu estava imaginando quantas dessas tecnologias ainda serão lembrada daqui a um ano… às vezes o que acontece em Vegas, fica em Vegas e trazemos aqui 10 “inovações” de CES passadas que não decolaram ou porque estavam à frente do seu tempo ou porque eram conversa para boi dormir ou simplesmente porque, olhando assim, bem de perto, eram ridículas demais para existirem.
1) Polaroid GL20
Em 2011, Lady Gaga estava no auge da sua fama e a Polaroid acreditou que a popstar poderia colocar a empresa de volta na boca do povo. A cantora foi nomeada diretora criativa da Polaroid e na CES daquele ano ela protagonizou a apresentação bombástica de uma nova linha de produtos, incluindo o GL20. O gadget era o fruto mais louco da parceria: um óculos futurista de captura de imagens e vídeos que poderia enviar dados para um fone de ouvido USB. Três anos depois, Lady Gaga se desvinculou da Polaroid e os óculos nunca foram lançados.
Agora, a exótica cantora se associou com a Intel durante a CES 2016 para anunciar um “projeto secreto” a ser revelado no Grammy. Será a volta do GL20, com outro nome? Ou algo ainda mais extravagante?
2) Belty
Se você achou que o cinto inteligente da Samsung era uma ideia nova é porque não se lembra mais do cinto realmente inteligente Belty. Enquanto o produto da Samsung é “inteligente” para registrar dados biométricos, o Belty é inteligente naquilo que um cinto deve fazer: se ajustar à cintura do usuário. Através de motores embutidos, o Belty se expande ou contrai de acordo com a posição de quem veste ou seu nível de “chutei o balde” no rodízio.
Desde que você não ligue para o visual feio de doer que arruína qualquer estilo ou com o estranho barulho que ele deve emitir quando você senta ou levanta, o Belty não era uma ideia tão ruim assim. Mas o produto que deveria ter saído em 2015 nunca viu as prateleiras. A empresa ainda aceita pré-venda, mas o novo prazo é 15 de Dezembro de 2016. Será que vai?
3) Toshiba Cell TV
Essa televisão da Toshiba era o sonho de consumo de quem curte aquele X-Tudo com tudo mesmo, sem medo de ser feliz. A Cell TV trazia no seu interior um processador Cell, o mesmo utilizado no PlayStation 3, mas também tinha tela plana LCD, conexão Wi-Fi veloz para exibição de vídeos de gatinhos do YouTube, um tocador de Blu-Ray integrado, suporte a 3D com a capacidade de adicionar uma terceira dimensão mesmo a conteúdo que não foi projetado para 3D e um disco rígido de 1TB para você armazenar seu conteúdo. Só não fazia cafezinho nem rodava VHS, mas, de resto, era um canivete suíço.
Mas a Toshiba não fazia ideia do preço que o elefante branco iria custar nem quando chegaria ao mercado. A primeira linha de Cell TVs teria o nome de “Illusion”. E a Toshiba cumpriu: a ilusão jamais se concretizou.
4) Palm Pre e o WebOS
Em 2009, a Palm acreditou que ainda teria espaço no mercado de smartphones e que seria possível introduzir uma nova plataforma. E todo mundo entrou na pilha: o Palm Pre e a o sistema operacional WebOS ganharam o prêmio de Melhor da CES naquele ano.
Mas ganhar prêmio e ganhar a preferência do público são coisas bem distintas. A HP não sabia disso e comprou a Palm pensando no poder do WebOS. Enquanto isso, os usuários reclamaram de problemas de hardware com o aparelho, o iPhone engoliu a concorrência com seu vasto universo de aplicativos e o Pre sumiu na bruma do tempo. A HP ainda insistiu no WebOS por um período, mas acabou vendendo o sistema para a LG e, em 2015, o último prego no caixão foi martelado com o desligamento de seus servidores na nuvem.
5) Sony QRIO
Não tem como não olhar para imagem desses robôs dançando no palco e imaginar: “isso será um sucesso” ou “isso será um fracasso”. Não havia meio termo para o Sony QRIO. Na CES, ele parecia saído direto de um seriado de ficção-científica dos anos 70: ele dançava, saudava, se mexia e… não fazia muita coisa além disso no final das contas.
A Sony foi visionária na presença dos robôs no cotidiano, mas o mercado não estava preparado para o que era basicamente um brinquedo extremamente sofisticado sem utilidade prática e o pobre QRIO sequer chegou a ser comercializado. Em 2006, ele foi descontinuado (junto com o muito mais popular robô-cachorro Aibo) e o futuro anunciado ficaria ainda um pouco mais distante para todos. Ou isso, ou a Sony tomou a decisão certa e adiou o apocalipse robótico por uma década e nós devemos ser gratos.
6) Kerbango
O ano de 2000 foi um período muito estranho, logo depois que todo mundo acreditou que sistemas e serviços iriam parar por causa do bug do milênio. É a única explicação para a criação do Kerbango, um produto de nome estranho, visual precário e propósito inusitado: ele era um rádio capaz de tocar estações de rádio através da Internet com uma conexão discada (ou banda larga).
Olhe com cuidado e você perceberá que ele é essencialmente um radinho de pilha grudado em um modem.
7) Cell-Mate
O sujeito que concebeu o Cell-Mate e o levou para um estande na CES em 2009 deveria ter ganho o prêmio de Cara de Pau da Década, visto que o gadget é o típico produto que você vê em lojinhas de 1,99 e sente vergonha alheia por quem usa. Para resolver o problema de quem precisa utilizar um smartphone, mas também precisa manter as mãos livres, o sujeito inventou um prendedor de celular. É isso. Podia amarrar com fita crepe na cabeça que funcionaria do mesmo jeito.
Mas marketing é tudo e o fabricante anunciava a tosqueira como vantagem: “não precisa de plugues, nem baterias, não precisa se preocupar com perda de qualidade de som devido a um alto-falante de baixa qualidade, nada de sinais de Bluetooth para sincronizar, apenas o seu telefone, como você sempre conheceu”.
Entretanto, até o melhor marketing pode fracassar: o nome do “aparelho” é o mesmo de “companheiro de cela” em inglês, algo que ninguém em sã consciência associa com coisas boas…
8) Apple Pippin
Você acha que a Apple nunca erra e que a empresa tem o toque de Midas? Precisava ter visto ela nos anos 90…
Hoje ela domina 70% do mercado de jogos em plataformas móveis com seus iPhones e iPads que nem foram concebidos se pensando em jogos, sufocando os consoles portáteis. Mas em 1996, a Apple tentou uma cartada ainda mais ousada para competir em pé de igualdade com os consoles da sala de estar.
O Pippin foi resultado de uma parceria com a Bandai e tinha uma proposta ousada para a época: iniciar a febre dos jogos online. Mas é difícil conseguir isso quando você não entende o mercado, você tem um modem interno de 14.400, seu dispositivo custa mais do que o dobro da concorrência e seu portfólio de títulos é minguado. Resultado? O Pippin vendeu menos de 10 mil unidades em todo o mundo e é assunto proibido nos corredores da Apple.
9) Sen.se Mother
10) SPOT
Se Toshiba, Sony, Apple e até Lady Gaga tem sua cota de fiascos em CES, porque a Microsoft sairia impune? Em 2003 ela foi com muita sede ao pote e lançou um smartwatch mais de dez anos antes da tecnologia estar pronta. Com direito a Bill Gates posando de garoto-propaganda.
O Microsoft SPOT vinha integrado com um serviço que custava 60 dólares ao ano para funcionar, estava disponível em apenas 100 cidades, tinha um visor monocromático e muito poucos recursos. Mas foi o próprio avanço da tecnologia móvel que matou o dispositivo.
Com o crescimento dos smartphones, o SPOT foi perdendo uma relevância que nunca chegou a ter. Um ano depois do lançamento do iPhone, a Microsoft parou a fabricação.