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Algoritmo brasileiro já descobriu mais de 3.000 casos suspeitos de mau uso do dinheiro público

Em apenas dois meses desde que entrou em operação, um algoritmo de análise de dados criado por 8 desenvolvedores brasileiros conseguiu descobrir 3553 casos suspeitos de uso indevido do dinheiro público.

Batizada de Operação Serenata de Amor, a iniciativa deu seu pontapé inicial no ano passado, com uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo para sustentar o projeto.

O robô apelidado de Rosie pela equipe de desenvolvimento, em uma referência à assistente robótica do desenho animado Os Jetsons, é capaz de cruzar dados disponibilizados através da Lei Federal de Transparência, como notas fiscais apresentadas, com informações da Receita Federal, folha de presença na Câmara e características dos estabelecimentos e das compras realizadas. O resultado são situações inexplicáveis, como um almoço de 12 quilos e o parlamentar que começou um discurso em Brasília e 35 minutos depois estaria almoçando em São Paulo.

Para se ter uma ideia da eficiência da ferramenta, somente na semana passada foram identificadas 849 discrepâncias. Destas, 629 terminaram em denúncias à Câmara dos Deputados contra 216 parlamentares que terão que explicar quase R$400 mil gastos de forma aparentemente irregular do dinheiro do contribuinte.

E as denúncias já tem surtido efeito. O Deputado Federal Vitor Lippi (PSDB-SP), por exemplo, devolveu R$ 135,15 gastos com cervejas durante uma viagem à Las Vegas e pediu desculpas pelo incidente: “aproveito para assumir a responsabilidade pelo erro cometido, é de praxe dessa assessoria pedir a glosa de itens não autorizados, como bebidas alcoólicas, mas infelizmente dessa vez não identifiquei o produto, já que estava em outra língua“.

Apesar de ter ultrapassado a meta de financiamento coletivo, Rosie precisa de mais colaboradores e capital para seguir operando, diante do volume de dados que necessita analisar. Segundo o publicitário Pedro Vilanova, um dos idealizadores do projeto, há previsão de trabalho “até o fim de Janeiro e o começo de Fevereiro”. E ele fez um apelo: “nós já estamos buscando novas formas de viabilizá-lo para que consigamos não parar de trabalhar. Continuamos precisando da ajuda de pessoas”.