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Checagem de fatos do Facebook não está resolvendo problema das notícias falsas

Poucos meses depois de implementar um sistema para detectar e marcar notícias falsas e rumores, o Facebook precisa encarar uma estranha realidade: não está funcionando.

Uma extensa reportagem conduzida pelo jornal The Guardian apurou que em muitos casos o usuário ignora que o boato foi marcado como duvidoso e, em outros casos, a classificação chega a ajudar na propagação da postagem!

Christian Winthrop, editor do site especializado em notícias falsas Newport Buzz, admitiu ao jornal que o sistema do Facebook acabou sendo benéfico para seus negócios. Uma postagem baseada em premissas falsas sobre a ida de irlandeses como escravos durante a colonização norte-americana foi corretamente classificada como rumor pelos especialistas terceirizados que operam na rede social. Entretanto, a “tentativa de censura” acabou por catapultar a popularidade da postagem.

“Um punhado de grupos conservadores pegou isso e disse ‘ei, eles estão tentando silenciar esse blog – compartilhem, compartilhem, compartilhem’. Com o Facebook tentando nos filtrar e dizendo ‘não compartilhem’, isso teve exatamente o efeito inverso”, gabou-se Winthrop.

De acordo com o The Guardian, esse não é um caso isolado, embora o impacto mais comum encontrado pela reportagem tenha sido zero, nem positivo, nem negativo. Frequentemente, as histórias se espalham e são compartilhadas antes de serem marcadas como falsas. E mesmo quando postagens virais são identificados como nada mais que boatos infundados por entidades idôneas, como Associated Press, Snopes, ABC News e PolitiFac, elas continuam circulando, como se os usuários não se importassem.

Um representante do Facebook sustenta que o mecanismo de identificação tem gerado uma redução no volume de compartilhamento de notícias falsas, mas não apresentou números. A maioria dos profissionais que trabalham nos serviços de classificação de boatos não acreditam que haja um impacto. E Editores de sites satíricos e geradores de notícias falsas relataram quase nenhuma alteração no tráfego obtido através do Facebook.