Um grupo de cientistas do Instituto Wyss, da Universidade de Harvard, acaba de criar o primeiro “videocassete” biológico ao conseguirem gravar e reproduzir um filme a partir do DNA de uma bactéria viva.
A técnica permite gravar dados nos genomas de células vivas para posterior recuperação e vem sendo estudada também pela Microsoft como uma alternativa poderosa de armazenamento.
Mas o time de bioengenheiros liderados por George Church conseguiu um feito inédito, embutindo uma sequência animada inteira no código genético de uma bactéria viva, sem interferir com sua sobrevivência. Como símbolo desse marco histórico foi utilizado o vídeo de um cavalo galopando, umas primeiras imagens em movimento geradas pelo homem, nos primórdios do cinema. Não apenas foi possível gravar a sequência dentro do DNA, como foi possível recuperar essa mesma informação logo depois com um mínimo de erros. Confira:
“Nós queremos transformar células em historiadores”, explicou o neurocientista Seth Shipman, envolvido na pesquisa. “Nós imaginamos um sistema de memória biológica que é muito menor e mais versátil que as tecnologias modernas, o que nos permitiria rastrear muitos eventos de uma forma não-intrusiva com o tempo”. O objetivo seria transformar as células de um organismo em uma espécie de “caixa preta” das evoluções e de tudo que aconteceu com o indivíduo ao longo de sua vida em termos de saúde, permitindo melhores diagnósticos, por exemplo.
Outra aplicação seria mapear as funções do cérebro e seu desenvolvimento ao longo do crescimento de um organismo vivo, registrando informações e mudanças na medida em que elas ocorrem, de forma permanente e sem a necessidade de instrumentos interferindo na vida do ser vivo. Esse levantamento poderia descortinar mistérios sobre o funcionamento de um dos mais importantes e menos desvendados órgãos da natureza.