Thomas Knoll, um dos responsáveis pela criação do Photoshop nos anos 90, se juntou ao coro dos que afirmam que a ferramenta pode e está sendo abusada nas agências de publicidade e estúdios.
O criador está no Brasil para sua exposição de fotos Infinitude, em cartaz no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, durante o mês de Agosto, e aproveitou a oportunidade para dar entrevistas.
Perguntado sobre os famosos “retoques” feitos no Photoshop, Knoll a princípio tentou justificar seu uso: “existe uma razão pela qual o retoque é tão popular, e a minha teoria é de que, quando você pega uma imagem parada de uma pessoa, é uma situação apática e diferente da sensação de estar no mesmo cômodo olhando para ela. Você pode ver cada rachadura e imperfeição em uma imagem 2D, e a quantidade ideal de retoque suaviza isso e aproxima a imagem da experiência real”.
Entretanto, ele tem conhecimento de que a ferramenta sofre abusos de vez em quando e foi categórico: “mas certamente é possível ir muito longe e criar uma sensação de se estar olhando para uma boneca de plástico, com proporções impossíveis e esse tipo de coisa”. E Knoll também alertou: ” é importante que o público também entenda o que é possível no processo de retoque, de forma que possam ver de forma crítica a fotografia publicitária excessivamente trabalhada”.
A criação do Photoshop foi praticamente acidental e os irmãos Knoll não tinham inicialmente a intenção de comercializá-lo. John Knoll era operador de câmera na famosa Industrial Light & Magic, empresa de George Lucas responsável pelos efeitos especiais da saga Star Wars e outros filmes, enquanto Thomas Knoll era engenheiro e fotógrafo amador. Juntos, criaram uma ferramenta que pudesse auxiliá-los na edição de imagens e criação de efeitos gráficos.
“Nunca houve a ideia de fazer o Photoshop. Nos primeiros meses, só desenvolvíamos isso para nosso próprio uso, e eu trabalhava no programa porque era muito mais legal do que trabalhar na minha tese de doutorado, era algo onde eu podia procrastinar. Depois de muitos meses percebemos que poderíamos vender o programa”. Do projeto pessoal, nasceu a ferramenta mais utilizada por profissionais de imagens em todo mundo. Apesar dos abusos…
