Uma das lembranças mais fortes que tenho do livro “Cosmos”, de Carl Sagan, está relacionada à descrição que ele faz em determinado capítulo (número 2, para ser mais exato) a respeito de hipotéticas criaturas que hipoteticamente poderiam viver no planeta Júpiter, em nosso Sistema Solar.
O livro conta até mesmo com uma ilustração a respeito. Uma ilustração que tenta passar ao leitor uma ideia de como tais criaturas poderiam ser. E, nas palavras de Sagan:
“Um modo de se formar uma vida nestas condições é reproduzir antes de ser cozinhado e esperar que um meio de transporte carregue parte de sua prole para as camadas mais altas e mais frias da atmosfera. Estes organismos devem ser muito pequenos.
Nós os chamamos de perfuradores, mas também podem ser flutuadores, um grande balão de hidrogênio bombeando hélio e os gases mais pesados para fora do seu interior, e deixando somente o hidrogênio; ou um balão de ar quente flutuando, mantendo seu interior aquecido, utilizando a energia adquirida através do alimento ingerido.
Como os familiares balões terrestres, quanto mais pesado estiver um flutuador, maior a força de flutuação que o levará de volta às regiões mais altas, mais frias e mais seguras da atmosfera“.
Sagan “construiu” estes tais “flutuadores” com base nas características de Júpiter, o maior planeta do sistema solar, além de um gigante gasoso.
Um curta-metragem foi lançado estes dias, por falar nisso, e ele me lembrou bastante de “Cosmos” e dos hipotéticos habitantes de Júpiter, segundo Sagan.
O curta conta com uma atmosfera (tanto no sentido literal quanto no figurado) que lembra bastante a descrição do Júpiter do livro (vamos substituir Júpiter aqui por “qualquer planeta gasoso”). Tudo também parece se passar em um planeta gasoso (ou pelo menos em camadas bem altas na atmosfera). No vídeo, temos seres humanos que caçam uma gigantesca “baleia voadora”, em um mundo alienígena e à bordo de naves.
O espetacular curta-metragem sci-fi é obra do diretor irlandês Ruairí Robinson. Trata-se na verdade de uma prova de conceito, mas o trabalho de Robinson chamou tanta a atenção que Neill Blomkamp, diretor de Distrito 9, e Simon Kinberg (que já trabalhou na série X-Men) mostraram interesse. Ao que tudo indica, em um futuro talvez próximo teremos bem mais que uma prova de conceito.
Voltando ao vídeo (“The Leviathan”) e ao monstro, vale ressaltar que este é absurdamente grande. Monstruoso. A força da tal ilustração que mencionei acima, aliás, é tão grande, que é impossível assistir ao vídeo sem dela lembrar. Obviamente, guardadas as devidas diferenças e proporções (e fazendo um exercício de imaginação até que grande), pois Sagan estava falando de seres bem pequenos, e o Leviatã é enorme.
A história se passa no século 22. Os seres humanos já viajam pelas estrelas, espaçonaves capazes de viajar mais rápido que a luz são comuns, e a colonização de outros mundos também já foi iniciada.
Um destes planetas é então exibido no curta. Em “The Leviathan” temos naves espaciais, um mundo alienígena e uma criatura monstruosa, enorme. À bordo de naves humanos caçam esta “baleia voadora”, que apesar de tudo voa com enorme graça em meio às nuvens naquele céu alienígena. Não impelida pela expulsão de gases, mas dotada de um par de asas também enormes.
Esta caça, por falar nisso, se deve ao fato de estes seres gigantes serem usados como matéria-prima na fabricação do combustível usado nas viagens intergaláticas.
O curta-metragem é lindíssimo, um trabalho realmente de primeira. O monstro foi criado por Jordu Schell, o principal artista responsável pelos Na’vi, em Avatar, de James Cameron.
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