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Era de ouro do Google pode ter chegado ao fim

Diminui o uso de links publicitários em janeiro
O Google sofreu em janeiro uma inédita diminuição no uso de seus links publicitários. Para alguns analistas, este é o princípio do fim do período de crescimento dos rendimentos de propaganda do grupo.

O número de internautas que “clicaram” nos anúncios durante as buscas na internet por meio do Google caiu, em janeiro, 0,3%, segundo a agência ComScore, cujos estudos são referência no setor de internet. Em dezembro, essa cifra se encontrava 13% em alta.

Para o líder indiscutível das ferramentas de busca na web e da publicidade on-line, a desaceleração contrasta com a alta de 15% registrada por seu concorrente Yahoo!. A Microsoft, o terceiro na competição, registrou uma queda de 9%.

A corretora William Bair & Company considerou “perturbadores” estes dados.

Reação
O estudo da ComScore, publicado antes do fechamento da bolsa de Nova York na segunda-feira, fez a ação do Google cair 4%. A queda prosseguiu na terça, chegando a 7%. O Google fechou a sessão em baixa de 4,57%, a US$ 464,19, o que leva as perdas para mais de 32% desde o início do ano.

Este desempenho é pouco comum para o Google, que acostumou o mercado com sua constante superação de limites históricos, desde os US$ 100 dólares de seu primeiro dia de cotação na bolsa, em agosto de 2004, até superar a faixa dos 600 e 700 dólares em outubro de 2007.

“Isso significa que as estimativas de Wall Street poderão ter que ser revisadas em baixa se a tendência de janeiro persistir”, alertam os analistas da Jefferies.

“O problema é que o Google é avaliado por seu forte crescimento ano após ano, o que permitiu manter sua ação num nível elevado”,
explica Rob Enderle, da agência Jefferies.

“Qualquer redução da taxa de crescimento terá um efeito catastrófico”, acrescenta o analista. Outros especialistas também relativizam o estudo da ComScore.

“Medo desmedido”
“Os investidores dão muito peso às cifras apresentadas pela ComScore em função das atuais preocupações sobre uma recessão nos Estados Unidos, sabendo que o Google não libera previsões e que existem poucos termômetros no trimestre em curso sobre o tráfego na internet”, afirma uma nota de analistas da Thomas Wiesel Partners.

“O medo dos investidores é desmedido”, acrescenta Jordan Rohan, da RBC Capital Markets. “Enquanto o mercado foca apenas nos volumes, a melhora das rendas produzidas pelas buscas pode compensar a queda do volume.”

“A queda dos cliques pagos reflete, sem dúvida, a decisão do Google de melhorar a qualidade de sua rede, sites e sócios, agrupados particularmente sob o serviço AdSense”, completa Marianne Wolk, analista da Susquehanna.

“O Google elimina progressivamente de sua rede os ‘cliques lixo'”, explica a analista, referindo-se aos anúncios pouco rentáveis e os cliques acidentais sobre propagandas demasiadamente perto de uma palavra num hiperlink.

Com informações de Folha Online.