Se existe alguém que entende como é ser superado por uma Inteligência Artificial, esse alguém é Garry Kasparov e mesmo ele defende a ascensão das máquinas.
O ex-campeão de Xadrez dos anos 80 deu uma entrevista para a BBC onde constatou que o advento de programas cada vez mais sofisticados é inevitável e que nós, humanos, não deveríamos ter medo.
“Nós temos que começar a reconhecer a inevitabilidade das máquinas assumindo cada vez mais e mais tarefas que costumávamos fazer no passado”, afirmou Kasparov. “É chamado progresso. Máquinas substituíram os animais de fazenda e todos os tipos de trabalhos manuais, e agora máquinas estão perto de tomar conta de partes mais mundanas da cognição. Grande lance. Está acontecendo. E nós não deveríamos ficar alarmados a respeito”, concluiu o enxadrista.
Kasparov se tornou famoso como um dos maiores campeões de Xadrez que o mundo já viu, mas sua carreira passou por uma guinada em 1997 ao encarar Deep Blue, um dos primeiros projetos de Inteligência Artificial desenvolvido pela IBM. Embora tenha vencido a primeira partida, Kasparov foi derrotado em todos os confrontos posteriores. Já aposentado do Xadrez, tornou-se um especialista em aprendizado de máquina e tecnologias futuras.
O russo acabou de lançar um novo livro, batizado de Deep Thinking: Where Machine Intelligence Ends and Human Creativity Begins. Na obra, ele declara que Deep Blue era pouco mais do que um “relógio de 10 milhões de dólares”, com pouca capacidade de raciocínio ou mesmo conhecimento de Xadrez, mas sua capacidade de cálculo de probabilidades o tornava um adversário imbatível. Nas últimas duas décadas, entretanto, as Inteligências Artificiais evoluíram sensivelmente.
“Nós deveríamos aceitar isso e olhar para o futuro, tentar entender como nós podemos nos ajustar”, conclui Kasparov.