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Governo chinês força a instalação de spyware em dispositivos móveis de minoria muçulmana

O governo chinês tomou uma medida extrema para monitorar a população muçulmana na província de Xinjiang: a instalação compulsória de um aplicativo de espionagem.

Com o objetivo de reprimir possíveis ações de radicais islâmicos, o governo tornou obrigatória a presença de um aplicativo de monitoramento para Android que registra todas as atividades do aparelho.

De acordo com o comunicado enviado pelas autoridades para todos os residentes da capital da província, o spyware é capaz de “detectar automaticamente documentos eletrônicos, ebooks, imagens e vídeos terroristas e de religiões ilegais”. Na prática, o aplicativo não apenas grava dados de login de rede Wi-Fi, IMEI do aparelho e conversações em serviços de mensagens e redes sociais, como também compara a assinatura MD5 de arquivos de mídia com um banco de dados que cataloga material classificado como proibido pelo governo.

Patrulhas estão sendo realizadas para garantir que o aplicativo foi instalado nos dispositivos móveis da minoria de 8 milhões de muçulmanos que residem na região. A pena para quem for flagrado sem o programa de monitoramento no aparelho é de até 10 dias de detenção.

Para Maya Wang, pesquisadora sênior da Human Rights Watch que atua como observadora na província, “as autoridades tem muito o que explicar sobre esse programa, incluindo o que ele faz. Enquanto as autoridades tem a responsabilidade de proteger a segurança pública, incluindo o combate ao terrorismo, tamanha coleta maciça de dados de pessoas comuns é uma forma de vigilância em massa e uma invasão de privacidade”.