O CEO do grupo Hacking Team David Vincenzetti defendeu a empresa em entrevista para uma revista italiana: “nós somos os mocinhos”.
Após anos longe dos holofotes, a empresa italiana responsável pela criação de programas de espionagem usados por governos do mundo inteiro ganhou as manchetes ao provar do próprio veneno e ser vítima de vazamento de dados.
Para Vincenzetti, o ataque que acabou na publicação de 400GB de dados confidenciais do Hacking Team não foi trabalho de um hacker solitário mas uma ação orquestrada por alguma nação e planejada por meses. Os clientes das ferramentas do grupo foram instruídos a suspenderem suas operações até o caso ser apurado.
Na prática, o vazamento dos métodos utilizados e do código-fonte dos produtos do Hacking Team permite que qualquer interessado desenvolva defesas contra os sistemas de espionagem comercializados. Entretanto, também é possível que grupos maliciosos tenham acesso aos mesmos instrumentos para camuflar suas atividades ou mesmo iniciar seus próprios programas de monitoramento.
Há indícios, porém, de que produtos do Hacking Team, como a ferramenta de monitoramento Galileo, tenham sido usados na Etiópia para espionar ativistas políticos e jornalistas. A empresa também tinha relações comerciais com Líbia, Sudão, Marrocos e outras nações que são acusadas de não respeitarem os direitos de seus cidadãos.
Vincenzetti defendeu sua lista de clientes. Para o executivo, “a geopolítica muda rapidamente e, ocasionalmente, situações evoluem. Mas nós não negociamos armamentos, não vendemos armas que podem ser usadas por anos. Nós somos os mocinhos”.