Diretores do GCHQ, o serviço secreto britânico, organizaram uma reunião de emergência na semana passada para alertar representantes do parlamento sobre a ameaça de ações iminentes de hackers russos.
Os especialistas de segurança eletrônica do órgão de Inteligência temem que o governo da Rússia possa interferir por baixo dos panos nas eleições gerais que deverão acontecer no Reino Unido esse ano.
Segundo o jornal britânico Sunday Times, que noticiou a reunião a portas fechadas, a proteção do sistema eleitoral se tornou a prioridade máxima do GCHQ nos próximos meses. Teme-se nos bastidores que hackers patrocinados pela Rússia possam furtar dados de candidatos, vazar emails comprometedores, publicar informações que podem alterar as campanhas e até mesmo sabotar ou acessar dados de eleitores cadastrados.
Muitos especialistas do setor de Inteligência acreditam que o Kremlin empregou táticas de guerrilha eletrônica com uso intensivo de hackers para manipular a opinião pública norte-americana e influenciar o processo eleitoral nos Estados Unidos no ano passado. O objetivo seria garantir a vitória do candidato Republicano Donald Trump, uma alternativa mais interessante para a política externa russa. Entretanto, provas cabais dessa interferência ainda não vieram à público, que, por enquanto, segue sendo considerada apenas uma alegação.
Pelo sim, pelo não, o GCHQ está se preparando para uma ação similar no Reino Unido. O NSCS, Centro de Segurança Cibernética Nacional, uma divisão do GCHQ, se prontificou a prestar assistência a todos os grandes partidos políticos do Reino Unido com orientações para reforçar a proteção de suas redes de dados contra qualquer forma de ataque eletrônico.
Ciaran Martin, diretor do NSCS, declarou que “todos devem estar cientes da cobertura dos eventos nos Estados Unidos, Alemanha e outras partes, nos lembrando do potencial para ações hostis contra o sistema político do Reino Unido. Isso não é apenas sobre a segurança de rede dos sistemas dos próprios partidos políticos. Ataques contra nosso processo democrático podem ir além disso e podem incluir ataques no Parlamento, escritórios de legisladores, comissões e grupos de pressão e contas individuais de email”.
Oficialmente, a Rússia nega todas as acusações até o momento. Boris Johnson, Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, negou que o GCHQ esteja preocupada especificamente com a ação russa e afirmou que “não há evidências de que os russos estejam realmente envolvidos em tentar sabotar nosso processo democrático”. Mas Johnson também acrescentou que o Kremlin tem a capacidade para realizar esse tipo de ataque e que “eles vem mexendo com todo tipo de truque sujo”.