A guerra da firma de investimentos Benchmark contra o ex-CEO do Uber Travis Kalanick está apenas começando e uma carta aberta endereçada aos funcionários do Uber jogou deu mais munição a esse confronto.
Os investidores que estão processando Kalanick por fraude não estão arrependidos de seus atos e afirmam categoricamente que deveriam ter processado o executivo mais cedo.
“Nós sabemos que muitos de vocês estão se perguntando por que a Benchmark abriu um processo contra Travis na semana passada. Talvez uma pergunta melhor seja por que nós não agimos antes”, explica a carta aberta publicada no Google Docs. O texto também reforça que não se trata de um conflito de personalidades ou uma disputa entre os investidores e o ex-CEO, mas um processo para se construir uma empresa da qual todos sintam orgulho de participar. E repetem: “nós lamentamos que tenhamos levado tanto tempo para fazer a coisa certa”.
A Benchmark também aproveita a oportunidade para tranquilizar os funcionários do Uber e explicitar três caminhos que estão sendo tomados para conduzir a empresa adiante: a busca por um novo CEO, a adoção das diretrizes do relatório Holder e a busca por um CFO.
Desde a saída de Kalanick do posto de CEO, em Junho, a posição permaneceu vaga no Uber. Fontes internas garantem que a empresa está temporariamente sendo administrada por uma junta de executivos de alto nível, mas a Benchmark acredita que um CEO é fundamental para o futuro imediato do Uber. “Nada é mais importante que encontrar um novo líder para o Uber”, reforça a carta aberta. Entretanto, a Benchmark acusa Kalanick de sabotar a busca por um novo CEO, na tentativa de criar um vácuo de poder onde possa retornar ao comando.
A questão do relatório Holder é mais delicada: é o resultado da longa investigação conduzida após as acusações de assédio direcionadas a vários funcionários de nível gerencial do Uber. A situação escandalosa revelou uma crise de cultura corporativa e a Benchmark sustenta que “muitas das mais importantes questões acordadas pelo conselho diretor permanecem não atendidas”. Os investidores esperam pode ajudar na implementação das recomendações de mudanças internas presentes no relatório.
A Benchmark também destaca que um CFO “é essencial para o sucesso de qualquer companhia. Entretanto, o Uber vem operado sem um por mais de dois anos agora”. E volta a alfinetar Kalanick: “isso não tem justificativa, dada a escala e a complexidade dos negócios, e é sintomático de problemas mais amplos com práticas da administração passada”. Em virtude disso, foi iniciada uma busca por um executivo capacitado a ocupar essa posição dentro da empresa.
