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Notebook de Marcelo Odebrecht está inviolado há um ano por falta de senha

Parece piada, mas um notebook de propriedade de Marcelo Odebrecht contendo provas importantes para a Operação Lava-Jato encontra-se inviolado há cerca de um ano porque ninguém sabe a senha de acesso.

Para o desbloqueio do conteúdo do seu disco rígido, é necessária uma chave de segurança gerada randomicamente por um token, mas as duas unidades autorizadas estão desaparecidas.

Em depoimento às autoridades, Marcelo Odebrecht revelou que possuía dois dispositivos diferentes capazes de gerar a senha necessária. Um deles ficava atado ao seu chaveiro e o outro ficava de posse de sua secretária pessoal. Entretanto, desde Agosto do ano passado, quando o empresário começou a negociar sua delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), ele revelou que ambos os tokens foram entregues ao departamento jurídico da Odebrecht em 2015, na ocasião de sua prisão.

A partir daí, os dispositivos sumiram. No notebook, encontrariam-se emails, planilhas e outros documentos que comprovariam o conteúdo do depoimento de Marcelo Odebrecht e outros executivos acusados de envolvimento em esquemas de corrupção.

O impasse está causando uma nova crise institucional entre a PGR e a Polícia Federal. Para a delegada Renata da Silva Rodrigues, “o quadro demonstra, no mínimo, ausência de interesse em agir de forma cooperativa por parte da empresa leniente e, em um tom mais grave, sugere a atuação de personagens com objetivo de obstruir as investigações. Não há como se cogitar que pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente se extraviado”. Ela também acusa o PGR de cometer um erro ao selar o acordo de delação sem obter antes o pleno acesso ao conteúdo do notebook.

Em nota oficial sobre o desaparecimento dos tokens, a Odebrecht informa que “está colaborando com as autoridades no esclarecimento de todos os fatos por ela revelados. E reafirma o seu compromisso com a verdade, com o combate à corrupção e com uma atuação ética, íntegra e transparente, no Brasil e em todos os países em que atua”.