Para empresas de tecnologia como Microsoft, Facebook e até mesmo o Google, a China é um lugar difícil, se não até quase impossível, de se operar.
Mas uma empresa, a rede social LinkedIn, encontrou uma maneira de fazer negócios por lá. Tudo o que a empresa teve que fazer foi comprometer a liberdade de expressão.
O LinkedIn tem um site mundial em inglês, que atraiu quatro milhões de membros chineses sem ganhar muita atenção por parte do governo chinês. Mas a empresa quer chegar a mais pessoas e assim, em fevereiro, introduziu uma versão em língua chinesa.
O site em língua chinesa atraiu cerca de um milhão de novos membros e parece ter a aprovação do governo. Ele está funcionando sem bloqueios, embora as autoridades reprimam outros serviços de Internet, incluindo Instagram e Yahoo.
O segredo do sucesso? Além de funcionar pelas regras chinesas de expressão e censura, a empresa abriu mão de 7% de sua operação local para duas empresas chinesas de capital de risco bem-conectadas. Ter um relacionamento com empresas domésticas é crucial para gigantes da web que pretendem operar na China, dizem especialistas.
Um porta-voz do LinkedIn, Hani Durzy, disse que a empresa abriu o site em chinês por causa de sua “convicção de que a criação de oportunidades econômicas podem ter um profundo impacto sobre a vida dos indivíduos chineses, assim como já tem em outras partes do mundo”.
“Enquanto nós apoiamos fortemente a liberdade de expressão”, acrescentou, “nós reconhecemos que quando lançamos seria necessário cumprir as exigências do governo chinês, a fim de operar na China. Assim, a decisão de prosseguir no país foi a que pesou”.
Nos sites, a empresa censura conteúdos que as autoridades consideram politicamente sensíveis, usando uma combinação de algoritmos de software e revisores humanos. As pessoas cujas mensagens são bloqueadas recebem uma carta informando que determinado item postado contém “conteúdo proibido na China” e “não será visto pelos usuários do LinkedIn localizados na China”.
O LinkedIn também não fornece aos usuários chineses certas ferramentas importantes, como a capacidade de criar ou participar de grupos ou postar longos textos, que permitem que pessoas em outros lugares tenham discussões públicas e formem comunidades.
Outras empresas de tecnologia pesaram os riscos de tentar satisfazer o governo chinês e acabaram com uma abordagem diferente.
O Google, que já aderiu às demandas da China para censurar conteúdo no país, silenciosamente reverteu sua decisão em 2010, passando a oferecer resultados sem censura para os usuários chineses a partir de servidores em Hong Kong, estragando sua relação com as autoridades até hoje.
Já o Twitter foi bloqueado na China há anos e diz que não vai censurar mensagens porque fazê-lo seria “sacrificar os princípios da plataforma”, de acordo com Colin Crowell, vice-presidente da empresa para política pública global.
“No fim das contas, o mais importante para nós foi proporcionar uma oportunidade para milhões de profissionais chineses para expandir significativamente suas oportunidades econômicas”, disse Durzy, porta-voz do LinkedIn. “Queremos fazer a coisa certa na China, por isso vamos continuar a ouvir e aprender.”