Apesar de ter recebido o apoio do CEO do Google e do fundador do WhatsApp, a Apple terá uma batalha dura pela frente em sua resistência contra o FBI pela criptografia do iPhone.
A empresa está recebendo críticas por todos os lados por sua postura, inclusive do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump.
O polêmico candidato demonstrou incredulidade em um programa de televisão diante da decisão da Apple e da carta aberta publicada por Tim Cook. Trump exclamou: “quem eles pensam que são? Eles tem que abrir (o iPhone). Eu penso em segurança, de uma forma geral, nós temos que abrir isso e nós temos que usar nossas cabeças. Nós temos que usar o bom senso”.
Trump não está sozinho e sua posição foi ecoada pelo britânico Ray McClure. Ele é o tio de um soldado morto durante um atentado terrorista na Inglaterra em 2013 e procurou a rede de televisão BBC para dar sua opinião sobre o tema assim que leu a carta aberta da Apple.
Para McClure, a empresa estaria “protegendo a privacidade de um assassino sob o custo da segurança pública”. O debate é mais complexo do que isso, mas o britânico simplifica a questão em uma única frase: “evidência valiosa está naqueles smartphones e a Apple está negando ao FBI o acesso a essa informação”. E pergunta: “se o senhor Cook não tem nenhuma empatia por terroristas, por que ele está impedindo o FBI de acessar os registros desses telefones?”.
A Apple alega que colaborou com as investigações do FBI na recuperação dos dados até agora, mas que a última exigência das autoridades para que seja criada uma “porta dos fundos” capaz de burlar totalmente a criptografia de qualquer iPhone seria o ponto de divergência. A empresa teme que a iniciativa abra um precedente para que a segurança de todos os iPhones seja comprometida.
O australiano Alistair MacGibbon, comissário de uma organização de proteção infantil online em seu país, refuta os temores da Apple. Em entrevista para a Zdnet, ele afirma que não existe pedido de “porta dos fundos” e que as autoridades americanas “não estão forçando a Apple a liberar suas chaves de criptografia e definitivamente não estão forçando a Apple a construir uma falha estrutural em cada dispositivo… essa é uma ordem judicial forçando a empresa a ajudar o FBI em uma única e séria investigação criminal”.
MacGibbon trabalhou por 15 anos na Polícia Federal australiana, onde chegou a ser o encarregado da Divisão de Crimes Cibernéticos, antes se tornar o responsável pela organização Children’s eSafety do país. Para ele, “essa não é a ‘porta dos fundos’ que as pessoas estão falando”, mas defende que, em determinadas circunstâncias, “nós teremos que aceitar maiores limitações, maiores entraves a nossa privacidade pessoal”.
De acordo com o australiano, o caso “não é diferente de quando a polícia usa tecnologias forenses para quebrar a encriptação e obter acesso aos dispositivos hoje, o que acontece; é apenas que, claramente, eles estão descobrindo ser mais difícil com esse modelo de telefone”.