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Prisão na Califórnia quer transformar criminosos em programadores

San Quentin é uma das prisões mais antigas e conhecidas nos Estados Unidos. Agora, a administração deseja mudar a imagem do lugar transformando prisioneiros em programadores.

O projeto The Last Mile é um curso de seis meses de duração e oito horas de aulas todos os dias, o objetivo é ousado: pegar quem nunca nem mesmo viu um computador na vida e proporcionar a eles a chance de saírem do sistema carcerário com conhecimentos de programação robustos o bastante para entrar no mercado de trabalho.

Com uma taxa de reincidência de 61% em todo o estado da Califórnia, a iniciativa busca reverter este quadro ao mesmo tempo que supre a carência crescente de profissionais na área da programação. O investidor Chris Redlitz, responsável pelo projeto, resume a ideia: “é uma indústria de larga demanda, e, para ser franco, se você consegue escrever um código excelente, as pessoas não ligam para mais nada”.

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O curso já está mudando vidas. Tim Thompson, de 41 anos, está preso em San Quentin desde 1996. Nunca viu a Internet em ação. Mas está eufórico com as aulas de programação: “é definitivamente um desafio para mim. Eu ouvi dizer que a Internet é grande lá fora”.

Thompson vivia o mundo violento das gangues, vinte anos atrás, antes de ser preso. Agora, bate no peito e avisa: “eu sou um programador de verdade. Eu sou um verdadeiro nerd. Eu sou um verdadeiro geek de computação agora. Eu adoro ter estes rótulos”. Segundo Redlitz, há vários exemplos similares e o grupo está “progredindo além de nossas expectativas”.

A legislação californiana proíbe o acesso à Internet dentro das prisões por razões de segurança. Assim, as aulas e os programas são executados em um ambiente que simula a Internet mas que não é realmente conectado com o mundo exterior. Alguns alunos já estão criando aplicativos para dispositivos móveis. A primeira turma se forma no mês que vem.