Seja Hillary Clinton ou Donald Trump o vitorioso das urnas, o fato é que o próximo presidente dos EUA poderá ter pela frente uma das maiores crises eletrônicas já vistas.
A previsão foi feita pela consultoria Forrester em sua análise anual de ameaças cibernéticas que aponta que os primeiros 100 dias de mandato serão críticos para testar a força do presidente.
Entre os desafios a serem superados estão um aumento das ações hostis cibernéticas de potências estrangeiras como China e Rússia, assim como a entrada do Irã e da Coreia do Norte no cenário de guerra eletrônica. Mas o próximo indivíduo a ocupar a Casa Branca também poderá ter que resolver uma crise interna de confiança e assumir uma posição sobre a eterna questão entre os limites da privacidade e da ação do Estado. A Forrester aponta que o pior cenário possível é viável, em que todas essas questões ocorram simultaneamente no início do mandato presidencial.
Os serviços de Inteligência norte-americanos ligaram a Rússia ao vazamento recente de emails do Partido Democrata, assim como com outras tentativas de tumultuar ou influenciar as eleições presidenciais. De acordo com o relatório, esse tipo de intervenção irá se intensificar como forma de pressionar o novo presidente e buscar enfraquecer a posição dos Estados Unidos no ecossistema de vigilância internacional.
Apesar dos recentes acordos com a China, a Forrester acredita que os ataques eletrônicos contra empresas e redes privadas norte-americanas deverão continuar em 2017. Para Amy DeMartine, que assina o relatório da consultoria, “eles não irão parar, eles irão obter outras informações para qualquer que seja o propósito que ele estão procurando”. A previsão é de que países menores como Irã e Coreia do Norte, que vem montando sua infraestrutura de ataque eletrônico, também ampliem suas operações nos primeiros dias do novo presidente.
Na política doméstica, haverá um embate entre os defensores da privacidade do cidadão e da criptografia e aqueles que defendem um Estado de monitoramento e acesso a dados privados para investigações. O governo terá que tomar uma decisão definitiva sobre que tipo de informação pode acessar e em que circunstâncias, o que pode afetar sua credibilidade interna.
DeMartine prevê o pior: “eu posso visualizar as ameaças externas e internas acontecendo simultaneamente – uma grande forma de quebrar o futuro presidente”. Apesar de previsões e estimativas nem sempre se concretizarem, a Forrester tem um histórico de análises acuradas e em 2016 previu que a segurança eletrônica teria um papel fundamental durante as eleições presidenciais, o que acabou se concretizando.