É comumente aceito que a expectativa de vida na Idade Média era muito baixa, oscilando em torno dos 30 anos. Se uma pessoa chegava na vida adulta, a média chegava nos 60, mas, apesar de ser comparável com a expectativa de vida global de hoje, o mundo ainda era muito mais perigoso. Não era, por exemplo, incomum que papas e reis fossem assassinados.
Um grande exemplo é Cangrande I della Scala. Nascido em 1291, ele começou a governar Verona em 1311 com 20 anos. No ano de 1328, com 37 anos, tomou posse da região de Pádua na Itália, após 16 anos de conflito sangrento.
Em 1329, sua visita à cidade Treviso foi estragada por uma doença súbita. Rumores diziam que Cangrande adoecera depois de beber de uma fonte poluída, alguns dias antes. O homem mais poderoso na história de Verona faleceu quatro dias após entrar em Treviso, com 38 anos. Imediatamente, rumores proliferaram de que alguém havia envenenado o nobre.
Agora, quase 700 anos depois, um estudo publicado no Journal of Archaeological Science revelou que os rumores de envenenamento eram verdade.
Através de raios-X e tomografias, foi analisado que grande parte de sua estrutura interna estava intacta. A equipe encontrou provas de osteoartrite e tuberculose no corpo, além de vestígios de matérias.
Procurando pistas do que poderia ter levado à morte súbita de Cangrande, eles encontraram camomila, erva usada hoje em dia em chás relaxantes; amora preta; e esporos de pólen de Digitalis, uma planta mortal conhecida como dedaleira.
Isto é consistente com os sintomas – diarréia e vômitos – que Cangrande exibiu antes de sua morte, a equipe escreveu.
“Os sintomas gastrointestinais manifestados por Cangrande em suas últimas horas de vida são compatíveis com a fase inicial da intoxicação por Digitalis e a hipótese de envenenamento é mencionada por algumas fontes históricas locais”, diz o estudo.
Quanto a quem fez o envenenamento … Bem, isso é provável que permanecem um mistério, um que nem o mais tecnológico dos Sherlocks poderia resolver. Pouco depois de sua morte, um dos médicos do Cangrande foi enforcado por seu sucessor e vale lembrar que, como um grande líder, ele tinha uma infinidade de inimigos políticos – incluindo seu sucessor já mencionado, Mastino II.
