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Travis Kalanick renuncia de vez ao cargo de CEO do Uber

Segundo o New York Times, Travis Kalanick renunciou permanentemente ontem à noite ao cargo de CEO do Uber.

O executivo que ajudou a fundar a empresa em 2009 inicialmente iria se afastar apenas provisoriamente do comando do Uber, mas decidiu não retornar mais, a pedido do conselho diretor e dos investidores.

“Eu amo o Uber mais do que tudo no mundo e nesse momento difícil em minha vida pessoal eu aceitei a requisição dos investidores para me afastar de forma que o Uber possa retomar seu crescimento ao invés de ser distraído por outra briga”, explicou o executivo em nota enviada aos jornais. A saída de Kalanick é o mais recente impacto recebido pelo Uber, na esteira de uma crise que começou no início do ano e já afastou outros grandes nomes de sua cadeia de comando.

Aparentemente, o Uber já havia se adaptado à ausência de Travis Kalanick e estava sendo administrado por um comitê formado pelos 14 executivos mais elevados de sua hierarquia. Mas a empresa ainda deverá sentir a presença de seu fundador: Kalanick pode ter renunciado ao cargo de CEO, mas continua fazendo parte do conselho diretor e, certamente, exercerá forte influência sobre decisões estratégicas da empresa.

“Travis sempre colocou o Uber em primeiro lugar. Essa é uma decisão valente e um sinal de sua devoção e amor pelo Uber”, informa o comunicado oficial do conselho diretor. “Ao se afastar, ele está ganhando tempo para se restabelecer de sua tragédia pessoal ao mesmo tempo que oferece à empresa o espaço para assumir esse capítulo totalmente novo na história do Uber”, continua a nota, em referência à morte recente da mãe de Travis Kalanick em um acidente de lancha.

Bem antes da tragédia, a posição de Kalanick dentro do Uber já estava abalada, desde sua participação relâmpago no governo Donald Trump e a primeira crise #DeleteUber. Uma documentada explosão de fúria diante de um motorista do próprio serviço arranhou fortemente sua imagem pública logo em seguida. Sua aparente incapacidade de controlar as próprias emoções ou gerir a empresa, assolada por escândalos e pela saída de executivos importantes, teriam desagradado os investidores.

O afastamento permanente de Kalanick também coincide com a recomendação oficial da investigação conduzida pela empresa sobre as falhas de recursos humanos e relacionamento entre funcionários. Após a demissão de 20 profissionais, o relatório final sugere uma reformulação dos valores culturais do Uber, uma troca da liderança sênior e um monitoramento mais próximo do conselho de diretores.