A WikiLeaks publicou nessa terça-feira um lote de nove mil documentos relacionados à CIA que expõem as ferramentas e métodos de espionagem de dispositivos empregados pela agência norte-americana.
Batizado de “Vault 7”, esse é apenas o primeiro de sete vazamentos que a WikiLeaks anunciou que irá lançar esse ano, mas já causou furor ao apontar que a CIA sabe como invadir aparelhos Android, iPhones, iPads, smart TVs, aplicativos de mensagens e muito mais.
Diversos especialistas de segurança e informantes confirmam a autenticidade de grande parte dos documentos, indicando que o vazamento é real e está relacionado com práticas autênticas da agência de Inteligência dos Estados Unidos. Os documentos datados de 2013 a 2016 revelam uma sofisticada força-tarefa interna da CIA dedicada à produção e descoberta de vulnerabilidades e vetores de ataques para sistemas tecnológicos, além do uso de hackers e empresas de segurança terceirizadas para a comercialização de falhas e ferramentas.
Mesmo aplicativos de mensagens supostamente protegidos por criptografia, como Secret, Signal ou WhatsApp não estariam seguros dos esquemas de monitoramento da CIA, embora nesses casos fosse necessário um acesso físico prévio aos aparelhos dos alvos que se deseja espionar. Através de falhas de segurança do sistema operacional Android, seria possível para a agência interceptar dados antes que a criptografia aconteça.
Outros documentos revelam uma forma de cooptar smart TVs da Samsung para efetivamente gravar e enviar conversas registradas no ambiente. Esse tipo de risco de privacidade foi negado pela Samsung diversas vezes, mas aparentemente era utilizado pela CIA em conjunto com agências britânicas de espionagem em um programa batizado de “Weeping Angel”. Na popular série de TV Doctor Who, Weeping Angels são perigosos assassinos extradimensionais que podem se mover em alta velocidade e em silêncio, desde que suas vítimas não estejam olhando.
Tanto a CIA quanto a Casa Branca se recusaram a comentar sobre o Vault 7. Jonatham Liu, porta-voz da agência de Inteligência apenas declarou que “nós não comentamos sobre a autenticidade ou o conteúdo dos supostos documentos de Inteligência”.